sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Esboço de sermão: Decisão: Uma Escolha Que Transforma



Decisão: Uma Escolha Que Transforma


Texto Chave: “Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais; fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus.” (2 Cron. 33:12-13)


Introdução -  A história da humanidade está manchada por episódios envolvendo muita crueldade. Nomes de homens e mulheres são encontrados com muita facilidade nos registros da história relacionados a atos inomináveis. O que pode ser considerado como crueldade? Alguém com uma política louca levando à morte milhares de pessoas? A mãe jogando um recém-nascido no lixo? Um ser humano violentando outro? A população sofrendo como resultado de políticas corruptas? Atentados terroristas ceifando a vida de milhares de inocentes? Animais indefesos sendo maltratados? Crianças sendo privadas de amor, carinho e de suas necessidades básicas?



O que você faria se em suas mãos estive o destino dos autores dessas crueldades?


Vou lhe apresentar um homem chamado Manassés. Ele era filho do piedoso rei Ezequias e
governou o reino de Judá por 55 anos, o maior período registrado entre os reis de Judá. Ainda
jovem, presenciou alguns milagres durante o tempo de corregência com seu pai: o livramento
do reino de Judá das mãos do exército de 185 mil soldados assírios e a cura de seu pai, Ezequias, de uma doença mortal. Infelizmente essas maravilhas não impressionaram tanto seu coração e ele se tornou um dos reis mais perversos e desumanos da história de Judá. O que o pai limpou ele sujou, o que o pai destruiu ele reconstruiu e o que o pai construiu ele destruiu. Sua vida é o retrato de um homem confuso, que buscou alternativas das mais diversas para solucionar o vazio existente em seu coração. Apesar de tudo, sua vida também é uma forte evidência de que o verdadeiro arrependimento é uma ação direta de Deus na vida do homem, seguida por uma resposta favorável do homem ao Senhor.


I – Manassés antes do encontro com Deus (2Cr 33:2-9) “Manassés, porém, desencaminhou Judá e o povo de Jerusalém, ao ponto de fazerem pior do que as nações que o Senhor havia destruído diante dos israelitas.” (2Cr 33:9).


Se pudéssemos resumir esta parte da vida de Manassés em uma palavra, esta seria “desastre”. Manassés, apesar de ter sido criado em um ambiente onde Deus era o centro da vida e das ações, parece não ter compreendido nem interiorizado os conhecimentos aprendidos em relação a Deus e aos mandamentos (Êx 20:2-17). Por esta razão, a maior parte de sua vida foi um completo desastre em termos de liderança e influência sobre o povo.


Manassés ignorou os mandamentos e seu dever como líder ao escolher qualquer coisa que não Deus. O Templo foi construído para que Deus vivesse com Seu povo (Êx 25:8; 1Re 8:10-11), mas Manassés de forma atrevida colocou dentro dele ídolos, dentre eles a imagem da deusa Aserá, aceita como a esposa de Baal (entre os cananeus era o deus do tempo, da guerra e da fertilidade). Reconstruiu locais de adoração a esses ídolos por todo lugar, locais estes que seu pai havia destruído. Manassés ficou tão insensível que ofereceu os próprios filhos como oferta aos deuses queimando-os no fogo, prática comum entre os cananeus quando honravam o deus Moloque. O pecado paralisa, anestesia. O homem sem Deus vai longe com as suas maldades.


Os quatro primeiros mandamentos do Decálogo mostram como deve ser nosso relacionamento
com Deus (Êx 20:2-11), manifestado por meio da fidelidade, obediência, respeito e de priorizá-Lo como sendo essencial a nossa vida. Quando alguém ou alguma coisa ocupa no coração do ser humano o espaço que é de Deus, isso se torna seu deus e suas ações são guiadas a partir daí por algo que é falho e que destrói pouco a pouco. O grande desafio é saber identificar os ídolos que nos afastam de Deus: riquezas, posição social, apetite não controlado, falsas filosofias, o próprio eu, ou até mesmo pessoas. Mas a lista não se resume a esses itens. Ela é tão extensa quanto as desculpas que podemos encontrar para afastar Deus de nós.


II – Manassés Durante o Encontro com Deus (2Cr 33:10-12) O pecado endurece o coração, a capacidade de raciocinar fica bloqueada, a pessoa justifica o pecado e não sente o perigo, a mente não consegue perceber a extensão dos danos que está causando a si mesmo e aos demais. Mas Deus é o Senhor da iniciativa. Ele falou muitas vezes a Manassés, mas este não Lhe deu a mínima atenção. Então, por amor, Deus Se valeu de medidas drásticas e dolorosas para despertá-lo e também ao povo. Como era costume dos assírios após uma conquista, estes levavam os sobreviventes como prisioneiros, presos em correntes e tendo no nariz um gancho (2Re 19:28). Dessa forma, Manassés e muitos do povo foram levados para a Assíria. Quanta dor e humilhação!


Os carpinteiros usam um instrumento conhecido como “pé-de-cabra”. Ele é colocado em pequenos espaços fazendo uma alavanca que separa com eficiência determinados materiais que dificilmente resistem a sua força. Alguns materiais quebram pela resistência que oferecem. O cativeiro assírio foi o “pé-de-cabra” nas mãos de Deus procurando acesso ao coração de Manassés.


Deus encontrou um espaço e tocou em sua mente. Manassés apenas caiu em si e reconheceu
seu erro quando foi colocado nessa situação terrível. Ele então, finalmente, ouviu a voz de Deus.

Este momento é muito importante, pois dois poderes trabalham intensamente, Satanás e
Deus. De um lado você pode escutar claramente: acabou, você foi longe demais, fique onde está, você jamais sairá deste lugar, você passou dos limites, é impossível voltar atrás, tire a sua vida.

Mas, uma voz ainda mais clara se manifesta também: Eu Sou o caminho, a verdade e a vida; Eu sou fiel e justo para lhe perdoar e purificar; ainda que você esteja irreconhecível de tanta sujeira vou deixá-lo limpo; sacie a sua sede; Eu farei de você uma nova pessoa. Amigos, a voz de Deus é a única que deve ser levada em conta, não importa o sentimento de desolação que se encontra em seu coração.


O reconhecimento pessoal do pecado é um dos elementos que fornecem a base para o verdadeiro arrependimento (Sl 51:3-4; Lc 15:18-19) que é acompanhado por uma tristeza que toma conta do coração abatido (Jl 2:12-13; 2Co 7:10). A principal palavra traduzida como arrependimento no NT é “metanoia”, ela significa mudança da mente. No AT o pensamento hebraico para arrependimento “shub” é um pouco mais amplo, envolve mudança de atitude, mudança de direção e um retorno à fonte da vida. Para ser verdadeiro, o arrependimento precisa ter como fonte de motivação o amor e a bondade de Deus e não o medo da realidade do juízo. Deus é amor e por esta razão Ele toma a iniciativa, o arrependimento é a resposta do homem ao amor de Deus. Arrependimento, portanto, é decidir afastar-se do pecado e aproximar-se de Deus por amor.


III – Manassés Após o Encontro com Deus (33:13-16)
Muros comprometidos é sinal de insegurança, é estar vulnerável aos ataques de inimigos,
bandidos e malfeitores. Manassés nos deixa importantes lições. Decisão não é um fim em si
mesmo, é um processo continuo que precisa ser renovado dia após dia, desta forma vamos construindo ou restaurando os muros da nossa vida e sendo protegidos dos ataques do inimigo. Dedicar a Deus os primeiros momentos do dia por meio da oração, estudo e reflexão da Palavra de Deus; realizar o culto familiar; ir à igreja adorar ao Senhor; escolher e trazer um amigo para a sua vida e trabalhar com ele para que compreenda o amor de Deus são pedras que dia a dia vão sendo adicionadas ao muro tornando a cidade da nossa vida uma verdadeira fortaleza. A decisão como um processo envolve a construção de um muro ao redor da vida.

Embora estejamos lidando com um inimigo astuto, forte, sagaz, sutil e que sabe como encontrar brechas para se infiltrar, podemos afirmar com segurança: Deus é maior (I Jo 3:9). Uma fortaleza precisa de portões, uma casa precisa de portas. Assim somos nós, temos janelas, são as vias de acesso ao nosso ser: olhos, ouvidos, boca, mente. Cada pessoa deve colocar uma guarda em todas as portas que dão acesso a vida: uma guarda na porta dos olhos, uma guarda na porta da boca, uma guarda na porta do ouvido, uma guarda na porta da mente. A vida de homens e mulheres é resultado do que passa por essas portas. A decisão, como um processo, envolve o emprego de guardiões para vigiarem essas portas, como um antivírus.


Aproximar-se de Deus é ter uma visão melhor das coisas, é ter melhor sensibilidade e percepção. O novo Manassés conseguiu enxergar quanto lixo havia colocado dentro do templo.

Corajosamente ele retirou as imundícias para fora da cidade. A decisão que é verdadeira será
seguida por uma santa ousadia de pôr para fora da vida de todo o lixo e entulho que vinham se
acumulando.


A restauração do altar mostra que a relação entre Manassés e Deus estava restabelecida. O
que não foi possível reverter em sua história foi a influência deixada em sua família e nas pessoas que por anos ele liderou. O pecado sempre deixa marcas profundas, consequências irreversíveis.


Conclusão - Manassés escolheu mudar de vida. Antes, andou errante de um lado para outro em busca de algo que preenchesse o vazio existente em seu coração. O dinheiro não resolveu e nunca resolverá, os ídolos não resolveram e nunca resolverão, o ocultismo não resolveu e nunca resolverá. Nossa esperança e segurança é que Deus é o Senhor da iniciativa.


Amigo, Deus não pode ser tratado como uma tentativa, Ele é a única saída, por isso a vida de Manassés foi transformada, do vazio para a plenitude. Ele reconheceu que Deus havia tomado a iniciativa para o salvar, reconheceu quem ele era e reconheceu quem é Deus. Estes são os passos indispensáveis para uma decisão ser bem tomada e ser transformadora.

Manassés foi um rei cruel, andava perdido, desorientado, cometeu muitos erros, porém Deus o amou mais do que os muitos erros que ele cometeu. Arrependimento é uma operação de Deus no coração do homem e uma resposta favorável do
homem ao Senhor. E o perdão de Deus é oferecido a todos, sem exceção.


Apelo - Em 2013 vários jovens perderam a vida em um incêndio na boate Kiss na cidade de Santa
Maria, RS (Brasil). Quando o incidente começou, em meio à escuridão alguém correu na direção de um foco de luz imaginando ser a saída de emergência e vários foram atrás, mas se tratava de um compartimento sem saída. Infelizmente isto causou ainda mais mortes.


Amigo, o Reino de Deus está próximo e será ocupado por pecadores arrependidos, pessoas
que ouviram a voz de Deus e reconheceram que Deus tomou a iniciativa para a salvação delas; reconheceram seu estado pecaminoso e reconheceram quem é Deus. Esta é a única e verdadeira saída, uma saída segura e salvadora. Manassés fez a parte dele, mas agora você precisa fazer a sua parte, hoje é o dia de começar a mudar a sua história!

Este sermão é um oferecimento do Departamento de Comunicação da Associação Paulista Sudoeste

Luís Carlos Fonseca

Conhecido de maneiras diferentes



Conhecido de maneiras diferentes
Texto: 1 Samuel 16:7

"Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração".

Introdução: Você já pensou sobre como você é conhecido? Todos nós somos conhecidos de maneiras diferentes, algo como um estilo de vida diferente em diferentes situações. Pense em como você é conhecido e como você vive nessas áreas:

I. COMO VOCÊ É CONHECIDO PELO MUNDO?

1. As pessoas no mundo conhecem você por sua aparência física, altura, peso, cor do cabelo, cor da pele, sexo masculino ou feminino, (1 Samuel 16:12).
2. O mundo lhe conhece pela forma e pela maneira que você vive quando passa por ele a cada dia.
3. As pessoas olham para você e percebe como você está vestido, como você fala, como você age e reage e eles formam suas opiniões sobre o que veem e ouvem sobre você.

II. COMO VOCÊ É CONHECIDO PELOS SEUS AMIGOS?

1. Eles sabem se você é útil, pensativo, mesquinho, de pavio curto, paciente, etc.
2. Será que eles consideram que você é uma pessoa digna de ser respeitada, apreciada, responsável, de confiança?
3. Será que eles consideram você como uma pessoa "espiritual"? Seus amigos conhecem você de uma maneira diferente do mundo, eles o conhecem melhor do que o mundo o conhece.

III. COMO VOCÊ É CONHECIDO PELA SUA FAMÍLIA?

1. O que você acha que seus parentes pensam sobre você? Eles conhecem você de verdade?
2. Em seguida, tem a sua família imediata. Eles conhecem você melhor do que ninguém conhece.
3. Então, o que você acha que sua esposa, marido, filhos, netos pensam sobre você?
4. Eles conhecem você "realmente"; não conhecem? Eles ouvem e veem você sendo "real, verdadeiro".

IV. COMO VOCÊ É CONHECIDO PELA SUA IGREJA?

1. Você tem um estilo de vida "diferente" quando na igreja? Diferente de como você vive no trabalho, quando em férias, inclusive como quando em casa, é diferente?
2. Você modelou o seu "estilo de vida na igreja" pelo de outra pessoa? Você compara a sua vida na igreja com a de outra pessoa em sua igreja? Você acha que você é mais "religioso" do que alguém que você conhece na igreja? Você sempre fala sobre alguém que você viu na igreja de uma forma negativa?
3. Como você tem "notado" outros em sua igreja e se comparado a eles, outros têm feito a mesma coisa com você? Parece que todo mundo tem um estilo de vida diferente, quando vai à igreja; diferente do que vivem em qualquer outro lugar.
4. Precisamos lembrar que nós já temos um "exemplo" padrão para nossa vida espiritual que é o nosso Senhor Jesus. Alguém mais tem as mesmas dificuldades que você e eu. A nossa família da igreja nos conhece pela vida que vivemos, quando na igreja.

V. COMO VOCÊ É CONHECIDO POR DEUS?

1. Alguma vez Deus disse sobre você o que ele disse de Jesus: "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo"? Por que não?
2. Jesus disse: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em mim, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito ...". Onde você se encaixa sobre a observação de Jesus aqui?
3. A reputação é o que os outros conhecem você e que você os levou a acreditar pela forma como você vive diante deles e com eles. Sua família o conhece melhor do que qualquer outra pessoa, mas Deus o conhece ainda melhor do que a sua família. Deus conhece exatamente o que cada um de nós realmente somos. Ele conhece o nosso verdadeiro caráter. Lembre-se, Deus conhece até mesmo nossos pensamentos, assim como cada coisa que já falamos ou fizemos.

Conclusão:

1. Deus te conhece. Você conhece Deus?
2. Qual estilo de vida é realmente o mais importante: o que o mundo pensa sobre você? O que seus amigos pensam sobre você? O que sua família pensa sobre você? O que a sua Igreja pensa sobre você? Ou o que Deus pensa sobre você?
3. Qual estilo de vida que precisa de mais trabalhando? Por quê?
4. Todo mundo é conhecido por alguém, mas a pessoa mais importante que conhece você, é Deus, e o que Ele pensa sobre você importa mais do que o que todos os outros juntos pensam.
5. Já ouviu o hino: "Dê de seu melhor para o Mestre?" Vamos fazer isso a partir deste momento.
 

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

As obras da carne e o fruto do Espírito


As obras da-carne e o fruto do Espírito. Lição nº 1. EBD - primeiro trimestre de 2017. CPAD - Obras da Carne e o Fruto do Espírito: Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Comentarista. Osiel Gomes.
Por Eliseu Antonio Gomes

A Carta aos Gálatas é uma das epístolas mais enérgicas que Paulo escreveu. Seu conteúdo nos permite vislumbrar o caráter cristão. Na ocasião da redação, o cristianismo corria o risco de ser transformado numa seita do judaísmo, os opositores do apóstolo tentavam convencer os cristãos, convertidos em seu ministério, a desistirem de seguir a doutrina de Cristo que ele anunciava.

Há duas correntes sobre os destinatários de Gálatas. A primeira teoria afirma que os destinatários seriam os cristãos da região conhecida como Galácia étnica, cujas cidades principais eram Ancina (Ankara, atual capital da Turquia), Pessino e Tavium.  A segunda teoria, mais aceitável, afirma que os destinatários localizavam-se na Galácia do Sul, a região abrangida pelas fronteiras da Licia e da Panfília, que o apóstolo visitou em sua primeira viagem missionária, quando pregou nas cidades de Antioquia da Pisía, Icônio, Listra e Derbe (Atos 13 e 14).

O assunto central da Carta aos Gálatas é "a verdade do evangelho" (1.6-10; 2.5, 14). Porém, o apóstolo teve quatro propósitos relacionados entre si ao escrever.
• Ele defendeu a legitimidade de seu apostolado;
• Redigiu a carta para afirmar, provar que a mensagem do Evangelho, fez tal afirmação com propósito apologético;
• Escreveu para enfatizar que Jesus foi crucificado, ressurgiu de entre os mortos, sendo o único meio de salvação para o ser humano mediante a fé (1.1; 3.1; 1 Coríntios 1.23; 15.1-11). Explicar que não havia "outro evangelho", que a observância de ritos cerimoniais não resultam em salvação (3.3; 4.10; 5.2,3, 6),
• Elaborou a missiva propondo aos leitores que o Evangelho fosse aplicado ao viver diário de cada cristão. É o que está contido no quinto capítulo e este artigo passa a focar nos parágrafos seguintes.
A guerra da carne contra o Espírito (5.17).

Existe, em todas as pessoas cristãs, uma luta diária entre a parte carnal e o Espírito Santo. A carne realiza um grande esforço para fazer oposição vigorosa; sempre reagindo negativamente a todos os movimentos do Espírito, opondo-se a tudo que representa a espiritualidade que agrada a Deus.

É dever de todo cristão impor a si mesmo viver segundo a influência e direção do Espírito Santo. Quando o crente tem esse cuidado, pode ter certeza de que, mesmo existindo conflito entre a nova e a antiga natureza corrompida, está em condições de fazer dura resistência contra ela e vencê-la em suas concupiscências. Embora a essência corrompida ainda esteja em nós, todavia, não tem domínio sobre nós, cristãos convertidos.

Muitos crentes não dão vez ao Espírito e, apesar de serem religiosos, vivem mais segundo os impulsos da carne do que segundo a orientação do Espírito. São religiosos carnais. Por outro lado, os cristãos que se entregam com inteireza de coração ao Senhor, suas vidas estão repletas de atos harmonizados com a personalidade e caráter de Jesus Cristo.

Obras da carne (5.19-21).

Satanás não perde oportunidades, tenta o cristão para que afaste-se da vontade de Deus, Aproveita-se da situação de inimizade entre a carne e o Espírito. Utiliza cada situação - que se consiste em comportamentos pecaminosos - com o objetivo de que o crente queira e pratique o mal. Em momentos de tentação, precisamos ser defensores persistentes do nosso pensamento, retendo a austeridade. 

O pecado possui sintomas e manifestações, da mesma maneira que as doenças apresentam determinados sinais. A enfermidade tem sintoma, entretanto o sintoma não é a enfermidade. Mesmo que o doente elimine o sintoma, ainda continuará com o estado de saúde alterado. O pecado também reúne e mostra sintomas. E Paulo apresenta uma lista deles, em Gálatas 5.19-21. A manifestação dessas coisas, contidas na lista escrita pelo apóstolo, aponta para a situação má, que reside no interior do coração humano: a trágica atitude rebelde de individualidade, que usurpa a autoridade de Cristo.

É evidente que as coisas das quais Paulo escreve são produtos de uma natureza corrupta e depravada. Todas elas são condenadas pela luz das Escrituras Sagradas.
• Prostituição e lascívia. Pecados em que estão implícitas não apenas ações grosseiras, mas também pensamentos e palavras;
• Idolatria e feitiçaria. Pecados contra o segundo e o primeiro mandamentos;
• Inimizades e pelejas. Pecados contrários à lei do amor fraterno e contra o próximo;
• Dissensões e homicídios. Pecados não somente contra a vida humana, porém, também, contra o nome e a reputação das pessoas;
• Inimizades e pelejas.  Pecados contra o próximo e contra a lei real do amor;
• Bebedices e glutonarias. Pecados contra nós mesmos.
Cabalmente, a prática do pecado impede o ser humano de entrar no céu. Deus, que é justo e santo, jamais admitirá que todo aquele que ama e pratica o pecado mantenha-se em sua presença, a não ser que primeiro se arrependa, seja lavado, santificado e justificado no nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 

Fruto do Espírito (5.22-23).

Andar no Espírito é uma expressão que descreve a situação quando há uma nova natureza, uma nova criação agindo dentro da pessoa que recebeu a Cristo como Salvador.

Da mesma maneira que o pecado é chamado de obras da carne porque a natureza corrupta é o princípio que leva os homens a pecar, assim a graça é chamada de fruto do Espírito porque a nova natureza espiritual do crente procede do Espírito, tal qual o fruto procede da raiz.
• Amor. Podemos criar convívios sadios e vitais - com Deus, nossa família e amigos. É possível satisfazer nossas profundas necessidades de dar e receber amor.
Ao manusear a Bíblia, ler e meditar sobre o fruto do Espírito em seu contexto, nos aprofundamos na exploração do conhecimento à construção de relacionamentos saudáveis: importante, perdoador, durável. Primeiro, precisamos amar a Deus e depois ao próximo por amor a Deus,
O objetivo por excelência da prática do amor na vida do cristão, através da perspectiva bíblica, é permitir que o mundo tenha contato com Deus através de nós e experimente seu amor por meio de nós. "Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado" - 1 João 4.12.
A maior e a mais sublime de todas as virtudes é o amor, que é o "caminho mais excelente" à vida cristã (1 Coríntios 13). 
• Gozo ou alegria. É o profundo sentimento pelo qual pode-se compreender o constante prazer em servir a Deus e também o júbilo na interação com os amigos. A alegria pode ser descrita como um estado emocional benigno que produz o acréscimo de bom ânimo.
Como fruto do Espírito, a alegria é uma emoção que não depende das circusntâncias adversas (1 Tessalonicenses 1.6, 7). Paradoxalmente, está presente nos lugares e momentos mais inesperados desta vida: em leitos de enfermaria  de hospitais, onde há pessoas enfermas; ao redor de uma mesa de jantar, quando o marido anuncia que foi despedido do emprego. Embora situações como estas sejam difíceis, elas podem ser experimentadas com alegria, pois o fruto do Espírito ajuda o cristão a sentir o amparo de Deus em momentos de crises.
É possível ao crente experimentar a alegria em tempos bons e também em meio às provações, pois, conforme declara a Bíblia Sagrada, nada, absolutamente nada, pode nos afastar do amor de Deus (Romanos 8.38-39). 
• PazO crente é capaz de experimentar a paz que excede todo o ententimento humano (Filipenses 4.7), está apto a proteger a mente do estresse da vida diária, pois o fruto do Espírito é a fórmula criada por Deus para que enfrente e vença a ansiedade, obtenha segurança sob os cuidados do Espírito e viva relacionamentos de boa qualidade com os outros. 
O vocábulo para "paz" em hebraico é "shalom" e em grego é "eirene". O termo pode ser descrito como a tranquilidade da consciência e o bem-estar em todas as áreas da vida, pois é sinônimo de harmonia, plenitude, prosperidade e firmeza. Resulta das relações misercicordiosas de Deus para conosco. Gera uma personalidade e modo de agir pacíficos para com os outros.
A paz que o Senhor oferece é uma experiência nova a cada desafio, supera conflitos de todas as ordens, com vista a nos fazer crescer em nossa confiança no "Deus, em cuja mão está a nossa vida, e de quem são todos os caminhos" (Daniel 5.23). 
• LonganimidadeÉ mais fácil brincar com a longanimidade dos outros do que ser longânimo. Todavia, saiba que Deus desenvolve a longanimidade em sua vida quando você passa po experiências frustrantes; quando outros falham em atender as suas expectativas; quando as pessoas de quem você depende lhe desapontam. Mais que isso: você sabe que está aprendendo a ser longânimo quando clama ao Senhor por ajuda e Ele parece estar de férias.
No entanto, vale a pena esperar pacientemente em Deus. Os benefícios da espera incluem a capacidade de influenciar outros em piedade, a certeza das bênçãos divinas, o conhecimento mais profundo do conteúdo das Escrituras, mais paciência e perdão dos outros e a segura esperança que nos sustenta mesmo em períodos de trevas, entre outras situações (Salmos 40).
Longânimo é a pessoa que tarda em irar-se (Tiago 1.19). Podemos definir a longanimidade como a habilidade de aguentar com paciência a afronta de pessoas contra nós. Também, como a capacidade de suportar e superar danos.
Deus é longânimo para conosco (Êxodo 34.6);
• Benignidade. O conceito das palavras "benignidade" e "bondade" são muito próximos, tanto no idioma hebraico como no idioma grego, usados no Antigo e Novo Testamentos.
Define-se como pessoa benígna aquela que é misericordiosa e benevolente, que em sua maneira de ser se dispõe a ser afável e gentil, que continua a ser tratável mesmo quando destratada.
Todos os versículos do Salmo 136 exaltam a benignidade do Senhor. 
• Bondade. A história do Bom Samaritano (Lucas 10.30-37) é repetida fora das páginas da Bíblia Sagrada todos os dias. Quer seja uma pessoa sem lar que dorme ao relento, quer seja uma família ao lado da estrada com o carro quebrado, ou um pedinte suplicando por uma esmola. Viramos o rosto para não vê-los ou alcançamos essas pessoas com um gesto de bondade? Tais oportunidades diárias nos estimulam a analisar como está a qualidade do nosso comportamento cristão.
A bondade pode ser explicada como a característica de uma pessoa  boa e clemente. Ela demonstra gentileza, não se recusa a fazer o bem a todos quando surge oportunidade.
A palavra traduzida do Antigo Testamento por bondade é "hesed". Ela é muito rica em significado A Nova Versão Internacional traduz este vocábulo como "amor" (129 vezes), "amor inefável" (32 vezes),"bondade" (quatro vezes), "bondade infalível (três vezes) e "bondade amorável" (uma vez). A palavra equivalente no grego, encontrada no Novo Testamento,  também é rica e variada em significação. É um termo amplo porque a bondade, como fruto do Espírito, expressa o amor de Deus em atitudes. 
No Salmo 143.10, o Espírito Santo é chamado de Bom Espíito;
• Fé ou fidelidade. A fidelidade é descrita como lealdade de uma pessoa a outra, é conhecida através de ações francas, inabaláveis e constantes a quem estamos unidos pelo elo de promessa e compromisso. É manifestada em atos de justiça, honestidade e fidedignidade (Salmos 101.6).  
Todos nós precisamos de amigos fiéis, de pessoas que nos aceitam como nós somos, que buscam entrar em sintonia com os nossos melhores interesses, e que permanecem ao nosso lado durante os tempos de crises. Na verdade, é mais importante ser um amigo fiel do que ter um amigo fiel. 
O Senhor é apresentado na Bíblia como Deus fiel (Salmo 100.5; 1 Coríntios 1.9-19).  
• Mansidão. Pela ótica do mundo que jaz no malígno, pessoas mansas raramente são vistas como fortes. Elas preferem dar-se a si mesmas do que se autoafirmarem, preferem fazer uso de uma palavra agradável do que fazer uma observação ríspida, preferem persuadir mas não impor. O fruto do Espírito nos leva a entender que as  atitudes de mansidão revelam força.  
Uma pessoa robusta pode não ser mansa, mas uma pessoa mansa pode ser robusta. Em 2 Coríntios 10.1-11, Paulo é criticado por ser "tímido, "inexpressivo" e fraco como orador em público. Em vez de se defender e mostrar seus "pontos fortes" ele responde falando sobre a humildade e mansidão de Cristo (Mateus 11.29).
A mansidão é manifestada como brandura de gênio, índole pacífica e serena, qualidade que capacita a não ser facilmente provocado à ira (Salmo 37.11). 
• Temperança. Nossas paixões carnais exercem uma poderosa influência sobre nós. O Tentador trabalha para nos induzir a utilizar essas paixões desordenadas em atividades que Deus jamais aprovaria. Quanto mais caminhamos nessa direção, mais elas firmam suas garras, nos escravizando.
Temperança também é um vocábulo traduzido ao português como domínio próprio. É a virtude de quem exerce o autocontrole em áreas fundamentais: a língua, o corpo, os desejos desenfreados, os apetites e as finanças. É a característica de quem é moderado, sensato, emocionalmente equilibrado; é a capacidade daquele que domina os ímpetos ruins e nunca é pessoa exagerada ao lidar com os prazeres da vida (Provérbios 19.11). 
Em Romanos 13, Paulo aconselha a nos revestirmos de Cristo, com a finalidade de sermos cristãos não somente na aparência, mas em todos os aspectos de nosso ser. Que de fato sejamos cobertos, pois Jesus nos deixou o exemplo de pessoa temperante diante das mais terríveis adversidades que encontrou em seu ministério (Lucas 9.51-56; 23.28, 35).
Conclusão.

O Espírito trabalha no coração e na vida das pessoas que dão ouvido a sua voz, testemunha ao mundo a respeito do Salvador. Age com a intenção de que as almas perdidas entreguem a vida ao Senhor e deixe-o assumir o controle e dar o suporte que possibilite-lhes vencer os desejos da carne. Concede a possibilidade para todos possuirem os nove ingredientes do fruto espiritual. Age eficazmente para que cada um seja pessoa amorosa, alegre, pacífica, longânima, benígna, bondosa, fiel, mansa e temperante.

A única solução eficaz contra o efeito nocivo do pecado é andar no Espírito, é nos sujeitarmos à instrução e direção da Palavra, pois nela o Espírito revela a vontade de Deus. Se há real tomada de decisão para andar conforme o Espírito, não haverá oportunidade para os desejos carnais. O fruto do Espírito, em quem quer que seja visto, claramente mostra que a pessoa é guiada pelo Espírito, e consequentemente, não mais vive oprimida debaixo da força escravizante do pecado.

O cristianismo não solicita de nós somente a renunciar ao pecado, mas a vivermos em integridade; não somente a desprezar as obras da carne, mas a gerar as nove características do fruto do Espírito. Permanecer na presença do Senhor nos ajuda a dominar os desejos contrários à vida íntegra e decente que Deus pretende que todos vivamos. 

No anseio de livrar-se da opressão do pecado, Deus provê repouso ao ser humano; é nossa escolha aceitar ou recusar sua proposta (Jeremias 6.16). 

E.A.G.

Compilações:

Bíblia com anotações A. W. Tozer, página 1407, edição 2013, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, página 1176, comentários Enéas Tognini, edição 2009, Barueri/SP (SBB).
Bíblia de Estudo Matthew Henry, páginas 922, 1923, 1ª edição 2014, Rio de Janeiro, (Editora Central Gospel);
Bíblia do Pescador, Dr. Luis Ángel Diaz Pabón, páginas 786, 1220, 1266, 1346; 1ª edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia do Pregador Pentecostal, página 1782, edição 2016, Barueri/SP (SBB);
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Amor: Construindo relacionamentos saudáveis, Peter Scazzero. 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Bondade: Alcançando outras pessoas, Phyllis J. Le Peau. 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Domínio próprio: controlando nossas paixões. Jack Kuhatschek 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito. - seis estudos para grupos ou indivíduos. Fidelidade: O fundamento da amizade verdadeira. Jacalyn Eyre 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Gozo: Como alegrar-se em qualquer situação. Phiyllis J. Le Peau. 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Longanimidade: Os benefícios da espera. Stephen Eyre. 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Mansidão: Mantendo-se firme na gentileza. Phyllis J. Le Peau 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Série Fruto do Espírito - seis estudos para grupos ou indivíduos. Paz: Superando a ansiedade e o conflito. Jack Kuhatschek 1997, São Paulo. (Editora Vida).
Toda a Bíblia em um ano - Mateus a Filipenses, Darci Dusilek, volume 3, página 57 e 58, 9ª edição, 2013, Rio de Janeiro (Horizontal Editora).                        
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O Assunto da Fé que é Aprovada por Deus

 
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O assunto da fé verdadeiramente bíblica, que procede como um dom de Deus para nós, está relacionado intimamente ao nosso conhecimento do caráter de Deus e de confiarmos, aceitarmos e praticarmos em nossas próprias vidas a Sua Palavra, mormente no que se refere ao nosso comportamento sendo moldado à semelhança ao de Cristo.
Sem este tipo de fé é impossível agradar a Deus, e é dela que a Bíblia dá testemunho que Ele não tem prazer em todo aquele que não a manifesta em seu viver (Hebreus 10.38).
Temos um bom exemplo da fé de origem divina na pessoa de Abraão, o amigo de Deus e designado como pai da fé dos crentes por causa do seu procedimento modelar em relação à vontade do Senhor.
Depois do encontro com Melquisedeque, Abraão teve uma visão na qual lhe veio a palavra do Senhor dizendo que não temesse, porque Ele era o seu escudo, isto é, a sua proteção, e, que seu galardão seria grandíssimo.
O Senhor reafirmou a promessa feita, trazendo Abraão para fora de sua tenda, e, mostrando-lhe as estrelas do céu disse que as contasse, caso pudesse; afirmando que sua descendência seria tão numerosa como aquelas estrelas, de um herdeiro que seria gerado pelo próprio Abraão.
E, contra qualquer tipo de evidência que lhe fosse favorável, Abraão deu crédito às palavras do Senhor, e creu inteiramente no que Ele disse, apesar de nada ter diante de si, senão apenas a promessa que lhe fora feita. A Escritura registra que a fé de Abraão lhe foi imputada como justiça.
A fé de Abraão é, portanto uma fé que descansa nas promessas e no poder de Deus; e não nas evidências e própria capacidade. Este é o tipo de fé que se manifesta na perseverança e confiança, fazendo aquilo que lhe é agradável; é exatamente o tipo de fé viva que salva e justifica, e por isso se diz que isto foi imputado a Abraão como justiça. Daí se dizer que o justo viverá pela fé; e que a salvação é pela graça, mediante a fé.
Mas, observe que não é um tipo qualquer de fé que justifica, mas a mesma qualidade de fé que teve Abraão, cuja autenticidade era evidenciada por suas obras.
Assim, o que justificou a Abraão não foi sua justiça própria, mas o próprio Deus, com base na fé dele, que permaneceu firme em confiar no Senhor e em Suas promessas, apesar de não ter nada além para crer senão na própria promessa.
Assim, todos os que creem em Cristo são salvos por crerem na promessa que Deus tem feito a Abraão, de abençoar a todos os que estiverem unidos pela fé ao seu descendente, que é Cristo.
Abraão foi justificado pela sua fé, assim como o são todos os verdadeiros cristãos; e é por isso que já não há nenhuma condenação para eles, como se lê em Rom 8.1, e conforme foi predito pelo salmista no Sl 34.22:
“O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam, nenhum será condenado.
Agora, esta fé que é justificadora, é também santificadora, e é por se santificar, em inteira confiança na Palavra do Senhor, em tudo o que a Sua boa tem proferido na Bíblia, para ser praticado voluntariamente, que a alma encontra descanso, paz e alegria.
Porque a incredulidade num único preceito conduzirá a alma as uma condição má de sofrer muitos tormentos e dores, por ter permitido desviar-se de uma completa inteireza de fé e uma boa consciência para com Deus.
Pr Silvio Dutra

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O MILAGRE ESTÁ EM SUA CASA


4º Trimestre/2016

 Texto Base: 2Reis 4:1-7

“Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses [...], que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste”(Dt.10:17,18).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, trataremos acerca do milagre que Deus operou por intermédio do profeta Eliseu para salvar uma viúva e seus dois filhos de uma crise financeira. Essa história, relatada em 2Reis 4:1-7, é muito conhecida no meio cristão tradicional e é um exemplo importantíssimo de como a provisão de Deus funciona no nosso lar. Esse milagre nos ensina que o pouco com Deus torna-se muito e a escassez pode converter-se em abundância. O Deus de Elizeu é também o nosso Deus. Ele é imutável - “Porque eu, o Senhor, não mudo...”(Ml.1:17); “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente”(Hb.13:8) -, e mediante sua graça continua a alcançar os corações daqueles que estão desesperados por um milagre em sua casa.

I. UMA FAMÍLIA EM DIFICULDADES

1. A crise das dívidas. Não sabemos o nome da viúva nem dos seus filhos, mas sabemos que ela era esposa de um discípulo de Eliseu. De acordo com o historiador Flavo Josefo, “a viúva desta história era a esposa de Obadias, o mordomo de Acabe em 1Reis 18:3. O motivo de a família estar endividada era que Obadias havia sustentado os 100 profetas do Senhor que ele escondera de Acabe e Jezabel” (cf. 1Rs.18:4). Naquela época, e até mesmo à época de Jesus, as viúvas eram sustentadas pelos filhos. Tudo indica que os dois filhos dessa viúva ainda eram crianças. Como herança, o aprendiz de profeta deixou-lhe dois filhos para criar e uma dívida para saldar. Não havia pensão, não havia seguro de vida e não havia ninguém por ela. Por isso, não tardou surgirem os “abutres do lucro fácil”, ávidos por confiscar os seus filhos.

2. O risco de perder os filhos. Achando-se incapaz de saldar a dívida deixada pelo seu marido, a viúva enfrentou a possibilidade de o credor tomar seus dois filhos para um período de escravidão. Os credores queriam logo recuperar seu dinheiro. Então, a viúva deve ter-lhes dito: “Sinto muito, senhores, eu não tenho recursos para pagar a dívida que o meu marido contraiu”. Ao que eles, talvez, responderam: “Muito bem, senhora, como não dispõe do valor necessário para quitar a dívida, de acordo com a lei, podemos levar seus dois filhos como pagamento. Eles serão nossos escravos, para compensar a dívida que seu a marido não saldou”. O texto em Levítico 25:39,40 determina que se o devedor não pudesse pagar a sua dívida, ele era obrigado a servir ao credor como escravo até o ano do jubileu. Deus, porém, interveio e concedeu àquela viúva a provisão suficiente para atender à sua urgente necessidade e de seus dois filhos.

Aquela era uma época terrível! Eram dias de plena apostasia, em que o temor de Deus havia desaparecido; cada um fazia o que queria, ignorando por completo a lei de Deus. Os contemporâneos de Eliseu abusavam das crianças necessitadas, tolhendo-lhes o direito, o respeito e a dignidade.

E os nossos contemporâneos, não têm feito o mesmo? Nossas crianças têm sido comercializadas; sua inocência tem dado lucro a muita gente; seu corpo angelical tornou-se um objeto de desejo; suas mãos delicadas se transformaram em “mão-de-obra barata”; a formação do caráter e personalidade de milhares de crianças inocentes e indefesas tem sido colocada à mercê de casais homossexuais, com educação moral e espiritual totalmente desviada do padrão judaico-cristão. Não podemos nos calar, nem fingir que tudo isso não acontece.

3. A viuvez. Dentro dos dramas sociais que o cristão pode se deparar está a viuvez. É um fato comum em nossa sociedade, caracterizado pela perda do companheiro de vida, que abarca milhares de pessoas. Faz parte do processo natural da existência do ser humano, por isso deve-se estar preparado para este estado aflitivo da vida. Quando o cônjuge perde a sua companheira (ou companheiro) significa um rompimento do ciclo de um convívio íntimo, intenso e profundo; a pessoa viúva enfrentará a solidão e a saudade do cônjuge que se foi. Algumas pessoas suportam com resignação esta lacuna da vida, mas outras se definham diante da amargura que lhe envolve, resultando em insegurança existencial que paralisam a sua sociabilidade e espiritualidade.

A palavra viuvez deriva da forma latina “vidua”, que significa “ser privado de algo”. É uma situação de desconsolo por desamparo. É um fato dramático, que atinge não só o psiquê e a saúde dos indivíduos, mas também suas relações sociais, tanto dentro da família quanto na sua comunidade. A condição de viuvez pode fazer com que as pessoas após anos de convivência, enfrentem um momento de solidão, processo profundamente sofrido, não só pela perda do marido ou esposa, mas pelas dificuldades em administrar a casa e os filhos na falta do chefe da família.

No Antigo Testamento, a viúva era personagem marginalizada, especialmente se não tinha filhos crescidos para cuidar dela ou algum familiar que se tornasse o remidor, casando-se com ela. Era facilmente vitimada e tinha limitados recursos materiais e financeiros (vide Sl.94:6). Mas, Deus sempre teve uma atenção especial à viuvez, quer no Antigo quer no Novo Testamento. As recomendações foram claras e imperativas ao povo de Israel. Cito algumas:

 “Quando no teu campo colheres a tua colheita, e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo; para [...] a viúva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos”(Dt.24:19);

Quando sacudires a tua oliveira, não voltarás para colher o fruto dos ramos; ...para a viúva será”(Dt.24:20);

Quando vindimares a tua vinha, não voltarás para a rebuscá-la; ...para a viúva será o restante”(Dt.24:21);

Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem”(Dt.26:12);

A nenhuma viúva ... afligireis”(Ex.22:22).

“Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas”(1Tm.5:16).

A bondade demonstrada às viúvas era louvada como um dos sinais da verdadeira religião. Diz o profeta Isaías: “Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Is.1:17). Diz também Tiago: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas Tribulações...” (Tg.1:27).

Quando esta fase da vida chega na vida de um irmão ou irmã, a Igreja e a família devem estar prontas para dar-lhe total apoio, consolo e carinho, bem como acudi-la(o) no aspecto estrutural necessário à sua convivência social e firmeza espiritual.

É bom ressaltar que a opressão e a injúria contra as viúvas fazem o faltoso incorrer em horrenda punição – “E chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma testemunha veloz contra os que [...] pervertem o direito da viúva [...] (Ml.3:5).

No caso da viúva em epígrafe, a dívida contraída por seu marido deveria ser paga com a venda de seus filhos. Em meio a esta situação tenebrosa, a mulher lembrou-se do homem de Deus. Talvez Eliseu tivesse conhecido aquela família nos tempos de bonança.

Deus não desampara as viúvas e os órfãos. Deus é o socorro do Seu povo na hora da angústia. O salmista assim se expressou: “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Salmo 46:1). O socorro divino nem sempre se manifesta em forma de milagre, de algo sobrenatural; pode ser de forma muito simples e nem ser notada. Geralmente o socorro de Deus vem pela ação de algum dos Seus servos que Ele usa para a glória do nome dEle; muitas vezes vem como resposta à oração. É o Pai respondendo ao clamor de seus filhos.

II. DEUS REALIZA MILAGRES

1. A fé do profeta. O milagre é uma forma perceptível de demonstração de que a fé é o meio pelo qual alguém obtém os benefícios da parte de Deus. Os 14(quatorze) milagres operados pelo profeta Eliseu evidenciam a fé dele e o cuidado de Deus para com todos aqueles que creem nEle. Foram uma clara demonstração do poder de Deus, que teve como propósito específico demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento Eliseu ensoberbeceu-se do dom que havia nele, e nem deixou transparecer que se tratava de algo que ele conseguia manipular através do domínio de alguma técnica ludibriante.

Os milagres operados objetivam a glorificar a Deus. A maioria deles é uma resposta de Deus ao sofrimento do ser humano, todavia, não se concentra no ser humano, mas em Deus. Diferentemente do que acontece hoje em muitos segmentos cristãos, principalmente aqueles que se expõem na mídia, os profetas do Antigo Testamento bem como os discípulos de Cristo nunca buscaram chamar a atenção para si através dos milagres que realizavam nem tirar proveitos deles. No Novo Testamento, os milagres estão diretamente ligados com a obra salvífica de Cristo e tem a função de confirmar a palavra que é pregada pelos mensageiros do Senhor.

O milagre não tem por objetivo criar um espetáculo. Observe que os milagres não davam testemunho dos apóstolos e sim do Senhor Jesus e da sua mensagem. Somente os que buscam a própria glória transformam os milagres em um show (é o que estamos vendo hoje em muitas igrejas). Para esses, Jesus tem um recado: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”(Mt.7:22,23).

O crente deve ter cuidado com a supervalorização dos milagres. Conquanto Deus realize sinais e maravilhas através do seu povo santo, os mesmos não devem nortear a vida do crente. Sinais e maravilhas são feitos pelo Senhor, que utiliza a instrumentalidade humana para esse fim, mas isso não significa que eles são o indicativo para a orientação de Deus às nossas vidas. Há pessoas que se colocam como reféns de milagres, como se estes fossem o marco regulatório para a vida cristã, e não tomam nenhuma postura ou atitude na vida se não virem milagres à sua volta. Tais pessoas precisam aprender a crer que os milagres são parte do Evangelho, mas que a Palavra de Deus é que deve nortear a vida do crente. Os sinais seguem aqueles que seguem a Palavra de Deus, e não os que creem seguem os milagres.

2. A viúva procurou Eliseu. Não tendo a quem mais recorrer, a pobre viúva apelou ao profeta Eliseu, apesar de saber que este também não possuía recursos financeiros. Confiava que ele encontraria em Deus uma saída para a crise. Ela sabia que o profeta Eliseu era um homem de Deus, por isso recorreu a ele (2Rs.4:1). As Escrituras Sagradas mostram que o Senhor socorre o necessitado:

“Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia...” (Is.25:4);

“Porque o Senhor ouve os necessitados…”(Sl.69:33);

“Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores” (Jr.20:13);

“Eu sou pobre necessitado; mas o Senhor cuida de mim; tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus” (Sl.40:17).

Diante do clamor daquela viúva (2Rs.4:1), Eliseu ficou sensibilizado e não hesitou em atendê-la. Como homem de Deus, ele sabia que o Senhor poderia reverter a situação financeira daquela viúva. Ele não quis saber quem era o responsável pela dívida, mas decidiu ajudar uma pessoa necessitada. Tal como Elias fizera em Sarepta (1Reis 17), usou do pouco que ela tinha para resolver o problema. Deus compadeceu-se daquela mulher sofredora e interveio na sua causa. O Senhor é compassivo, misericordioso e longânime – “Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia” (Sl.116:5); “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm.3:22).

Aquela mulher procurou um servo de Deus e apresentou seu problema, pedindo socorro. Nosso comportamento deve ser o mesmo hoje. Quando enfrentamos dificuldades, devemos clamar a Deus pedindo Sua ajuda. Ele designará um cristão que o ama e obedece a Ele para nos socorrer. Deus está sempre à nossa espera para atender e satisfazer todas as nossas verdadeiras necessidades. Por isso nós, servos de Deus, podemos ser usados da mesma maneira que o Senhor usou Eliseu, com o objetivo de auxiliar alguém que esteja passando necessidades. Há grande suprimento para toda necessidade quando Deus intervém. Coloque tudo o que tem nas mãos de Deus e, ainda que seja pouco, se fará mais que suficiente.

3. Deus utiliza aquilo que temos. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” (2Rs.4:2). É uma resposta bastante desanimada. Às vezes acontece conosco também, quando estamos diante das crises que se agigantam de forma tenebrosa e nos deixa combalidos. Ora, se para Deus o nada já é muita coisa, quanto mais uma botija de azeite. A provisão milagrosa lhe veio mediante o que ela já tinha: um vaso de azeite. A provisão foi dada na medida da fé que a mulher tinha e da sua capacidade de armazenamento. Deus usou o que ela possuía para multiplicar-lhe os recursos e realizar o milagre de que ela precisava. Para Deus operar um milagre a quantidade não faz nenhuma diferença. Vejamos:

·     Moisés – tinha uma vara: “… e os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em seco…” (Êx.14:16,21,22).

·     Sansão – tinha uma queixada de um jumento: “… e feriu com ela mil homens” (Jz.15:15).

·     Davi – tinha uma funda e cinco pedras: “E assim… prevaleceu contra o gigante filisteu…” (1Sm.17:40,50).

·     A viúva de Sarepta – tinha farinha na panela e azeite na botija: “… e assim comeu ela… e a sua casa muitos dias” (1Rs.17:12,14,15).

·     Elias – tinha uma capa: “… e passaram ambos (Elias e Eliseu) o rio Jordão em seco” (2Rs.2:8).

·     Os discípulos – tinham cinco pães e dois peixinhos: “… e deram de comer a quase cinco mil homens” (Mc.6:37-44).

·     O apóstolo Pedro – tinha unção e poder e disse ao paralítico: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta e anda” (At.3:6).

·     O apóstolo Pedro tinha uma rede de pesca e viu o milagre de Deus, depois de uma noite sem pegar nada – “E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede” (Lc.5:6).

·     A mulher do profeta – tinha apenas uma botija de azeite. E foi a partir desta botija de azeite que Deus operou o milagre: “E sucedeu que, todos os vasos foram cheios…” (2Rs.4:2,6,7). É a partir de "uma botija de azeite" que Deus torna tudo abundante, porque Ele é o Deus de toda provisão.

III. PROVISÃO NA MEDIDA CERTA

1. Preparação para receber o milagre. Eliseu havia compreendido o que Deus podia fazer usando um simples vaso com azeite, a princípio insignificante, e então disse à mulher e a seus filhos para pedir emprestado aos vizinhos a maior quantidade de frascos vazios que pudessem (cf. 2Rs.4:3-5). A mulher precisaria de muitas vasilhas, pois a multiplicação do azeite, que haveria em sua casa, seria sem medida, abundante. Ela precisava se preparar para receber tal bênção. O azeite era uma mercadoria muito apreciada em Israel, servindo como alimento, medicamento, cosmético, combustível e para fins religiosos. Aquela mulher demonstrou o seu calor por meio da fé e por meio de um especial empenho para vender rapidamente o produto e saldar sua dívida.

Muitas vezes, nos sentimos como aquela viúva quando percebemos que o que nos resta parece algo absolutamente insignificante, de modo que nem cogitamos que aquilo possa ser usado por Deus a nosso favor. Contudo, essa história nos mostra que Deus tem poder para transformar em muito aquilo que nos parece pouco.

Creia que o dia do seu milagre chegará, assim como chegou para essa viúva. Só precisamos manter o que aquela viúva mantinha: temor a Deus (2Rs.4:1). Aos seus servos o Senhor Deus não nega bem nenhum. No tempo apropriado a provisão divina chegará. Está escrito: “Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas àqueles que buscam ao Senhor bem nenhumfaltará”(Sl.34:10).

2. Provisão abundante. A viúva recebeu mais do que precisava - “... E sucedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém ele lhe disse: Não há mais vaso nenhum. Então, o azeite parou “(2Rs.4:6). A viúva recebeu do Senhor mais do que pedira. Seu pedido fora apenas que seus filhos ficassem livres de viver na escravidão, mas em sua pobreza ela ainda tinha muitas outras necessidades. Deus Se dispôs a suprir essas necessidades. Ele constantemente dá aos seres humanos bênçãos muito maiores do que eles pedem para si mesmos.

O milagre, portanto, depende do que se têm. O que é que você tem em casa? Diante da pergunta, você poderia responder: “Não tenho nada”. Não seja tão pessimista para enxergar o quão é suficiente para Deus para fazer um grande milagre através daquilo que você considera não ser nada. Um martelo é suficiente para transformar você num homem de grandes negócios. Deus irá operar o milagre em sua vida a partir do que você tem. Se nada oferecemos a Deus, Ele nada terá para usar. Mas Ele pode usar o pouco que temos e transformá-lo em muito. “Sem fé é impossível agradar a Deus”.

Nós podemos nem ter tudo, e, contudo, podemos ter conosco alguma coisa que Deus é capaz de abençoar abundantemente - “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef.3:20).

Não perca a esperança! O pouco pode ser transformado em muito se for colocado nas mãos do Senhor e por Ele abençoado. A viúva tinha somente uma botija de azeite e a lição que aprendemos é que Deus abençoa aquilo que temos. Sua medida é sempre além, sacudida, recalcada e transbordante (Lc.6:38).

3. Fé em ação. A viúva e seus dois filhos precisavam seguir as orientações do profeta. A orientação do profeta Eliseu foi simples e objetiva:

a) “...pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos”. Às vezes temos que fazer algo que esteja ao nosso alcance para receber o que Deus nos quer dar.

b)  “...fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos...”. A mulher devia fechar a porta, ficar a sós com seus filhos e trabalhar. Nem sempre as bênçãos de Deus acontecem no meio de muita gente. Neste sentido, Jesus orientou assim: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt.6:6).

“...fecha a porta” (2Rs.4:4). O que se percebe nesta expressão é que o homem de Deus, Eliseu, não buscou notoriedade no milagre. Ele tinha plena certeza que Deus era quem estava operando aquele grande milagre. Então a glória pertencia a Deus e não ao profeta. É possível que uma das causas da escassez de milagres hoje esteja na publicidade desenfreada. Deus quer privacidade, mas os homens gostam de notoriedade. Gostam de aparecer e vangloriar-se (leia Lc.12:15). Deixam a porta aberta para serem vistos!

c) “... e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia”. A mulher foi ajudada por seus filhos. A participação de nossos filhos na obra de Deus é uma bênção!

d) “...vivei do resto”(2Rs.4:7). A viúva e seus filhos olharam para todos os vasos cheios do azeite oriundo de sua pequena botija e o fez saber ao homem de Deus. E Eliseu disse para ela vender o azeite e pagar a dívida deixada por seu marido. Com o dinheiro que sobrasse, ela e seus filhos, poderiam viver por muito tempo. O milagre da multiplicação do azeite, além de resolver o problema da dívida deixada pelo marido, proveu o sustento dela e dos filhos por muito tempo. Às vezes Deus quer dar bênçãos duradouras e a pessoa quer apenas as temporárias. Salvação é bênção duradoura; cura de alguma enfermidade é temporária.

Portanto, precisamos agir com fé, pois a fé sem obras, sem atitudes, sem ação, é morta. A mulher pegou as vasilhas e começou a enchê-las a partir da botija de azeite que ela tinha em sua casa. Ela foi quem encheu as vasilhas e não o profeta. Este somente deu a orientação. Da mesma forma, Deus nos orienta, conforme as nossas forças e os nossos recursos, a agirmos e buscarmos a solução para os nossos problemas. Mas, nós é que devemos que correr atrás, que buscar, que agir.

A fé que aquela mulher tinha no Senhor tornou possível que ela saísse daquela situação crítica; permitiu que ela apresentasse seu problema a Deus e confiasse nele para orientá-la no sentido de encontrar a solução. Deus também deseja que você creia e busque em Sua Palavra a orientação sobre o que esperar dele e sobre como agir com sabedoria nos momentos de escassez.

Prezado irmão e amigo, você está aguardando no Senhor algum milagre em sua casa, em sua vida? Você tem passado por provações na vida semelhante às desta viúva? Você é temente a Deus como essa viúva? Você tem buscado em Deus a solução de seus problemas ou apenas tem comentado com os outros o que você está passando? Faça como a viúva em comento: seja obediente aos mandamentos de Deus, tenha fé e aja com ousadia e determinação.

CONCLUSÃO

Muitos são os fatores que podem levar uma família a passar escassez: a morte do provedor ou o descaso deste para com os seus dependentes; desemprego, doenças, etc. É bom saber que estes fatores podem acontecer tanto para os que amam e temem ao Senhor quanto para os que não o temem. Temos que avaliar as causas disso. Muitas vezes a escassez advém de desequilíbrio na família, no tocante ao consumismo. O mal de muitos é não saber distribuir, é não ter método no gastar. Se tem muito, gastam tudo; quando não tem bastante, tomam emprestado. Por isso a vida financeira de muitos que se dizem cristãos é uma pedra de tropeço diante dos incrédulos. Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos a direção do Senhor de nossas vidas, para que ele nos ensine a usar o pouco que nos foi entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta. Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn.41:35,36; Pv.21:20). Fuja das dívidas! Evite o desperdício e o supérfluo. Gaste somente o necessário, dentro da sua capacidade financeira! Liberte-se do consumo irresponsável! Viva dentro do orçamento cabível e, se for possível, reserve um pouco para imprevistos, que sempre aparecem. 

“O Senhor é meu Pastor; de nada terei falta” (Sl 23:1,NVI). Deus, o Pastor do Salmo 23, é Aquele que detém todas as coisas em Suas mãos, e faz com que nada falte aos Seus. Restaura a saúde, proporciona tranquilidade, segurança, proteção, prosperidade e fartura. Sua bondade e fidelidade acompanham seus filhos por toda a vida. Creia nisso!

Assim como aquela viúva que pediu ajuda ao profeta Eliseu, temos uma dívida que não podemos pagar, que herdamos de Adão e na qual incorremos todos os dias: o pecado. E o pagamento dessa dívida implicaria a morte espiritual e eterna, se não fosse o sacrifício de Cristo Jesus em nosso lugar. Jesus pagou a nossa dívida com Sua própria vida. O apóstolo Paulo com muita propriedade escreveu: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”(Cl.2:14). Portanto, no momento em que alguém aceita Jesus, com sinceridade, é salvo, e suas reais necessidades (de perdão, paz, amor, salvação, vida eterna, etc.) são supridas.

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Quatro homens, um destino.

Pr. Elienai Cabral. O Deus da Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio ás crises. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Rute, uma perfeita história de amor.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.