segunda-feira, 6 de março de 2017

ATOS DOS APÓSTOLOS – SÉTIMO ATO – PEDRO E JOÃO DIANTE DO SINÉDRIO Atos 4.5-22.



O resultado do testemunho de Pedro e João a respeito do do Jesus ressurreto, após a cura do paralítico de nascença na Porta Formosa do Templo, foi a conversão de aproximadamente mais duas mil almas. Lucas afirma que o esse número de convertidos somados aos três mil do primeiro sermão de Pedro, chegou a cinco mil homens.

Toda aquela agitação atraiu as autoridades da religião judaica que lançaram mãos dos apóstolos Pedro e João e o encarceraram até o dia seguinte no qual eles foram apresentados perante os anciãos e escribas, o sumo sacerdote Anás, Caifás, João e Alexandre que eram da linhagem sacerdotal. Eles os inquiriram para saber com que poder ou em nome de quem Pedro e João curaram o paralítico.

Não sabemos se o paralítico foi preso com Pedro e João, mas o verso quatorze nos informa que ele estava com eles nesse momento de inquérito. Após ouvirem o discurso de Pedro ficaram sem ter o que falar. É como diz o ditado: “Contra fatos não há argumentos”.

Lucas relata que mesmo sendo duro o discurso de Pedro, as evidências de que algo extraordinário e milagroso havia acontecido pesou no momento do julgamento e eles acabaram recebendo uma advertência apenas. As autoridades ordenaram-lhes que não mais ensinassem e nem mais falassem em o nome de Jesus.

Os apóstolos Pedro e João, então, tiveram uma atitude notável. Eles responderam às autoridades da religião judaica, os mesmos que condenaram Jesus de forma ilegal e injusta: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. (Atos 4.19,20)

Temendo a reação do povo, que glorificava a Deus pelo que estava acontecendo em Jerusalém, aqueles religiosos soltaram a Pedro e João, mas antes os ameaçaram.

Que lições preciosas podemos tirar dessa desse sétimo ato do livro de Atos dos Apóstolos?

1.             O TESTEMUNHO A RESPEITO DE JESUS SEMPRE IMPLICARÁ EM SITUAÇÕES DE CONFLITO.

Jesus mesmo disse: “Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os de sua própria casa”(Mateus 10:35). 

Não pense você que me lê, que o discipulado cristão é isento de lutas, dores, e conflitos. O mundo não é apenas diferente da Igreja, mas totalmente oposição. O mundo se opõe à Igreja e vice-versa. Os valores deste mundo são, em quase toda sua totalidade, contrários aos valores que a Igreja deve esboçar. Uma leitura ainda que superficial do Sermão do Monte deixa clara essa questão. A Igreja caminha na contra mão deste mundo.

Não pode o verdadeiro cristão se iludir com a ideia de que nesse mundo vivemos isentos de perseguição e de injusta oposição. Citando ainda o Sermão do Monte, Jesus deixou evidenciado ainda na porção das Bem-Aventuranças o seguinte: Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assimperseguiram os profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5.10-12)

Se você é um cristão então você anda na contramão desse mundo terrível que nos rodeia. Há uma santa porfia (guerra) entre essas duas sociedades, o mundo de um lado e a Igreja de outro lado. Não há como jungir a ambos. Eles são irreconciliáveis.

2.             PRECISAMOS ESTAR PREPARADOS PARA SERMOS USADOS PODEROSAMENTE POR DEUS.

Pedro e João seguem ao Templo e a intenção é simplesmente orar. Esse era o hábito. Mas lá eles se deparam com uma situação inédita. Algo extraordinário vai acontecer. A hora do milagre não estava marcada pelos homens, mas Deus sabia o que iria acontecer ali. E Ele tinha um propósito para tal acontecimento.

Eu tive uma experiência extraordinária e inesquecível nesse sentido no final da década de 90. Eu havia ido ao hospital atender uma família da Igreja cujo filho estava com suspeita de apendicite, o que de fato foi apenas suspeita. Vendo a aflição da família e a falta de informações me dispus conversar com o médico. Lá, no Pronto Atendimento da Santa Casa de Suzano, uma sala enorme cheia de pacientes, vi um jovem em uma maca no chão com lágrimas nos olhos. Enchi-me de amor e compaixão por ele e me abaixei perguntando o que havia acontecido com ele. O rapaz de uns poucos 20 anos me disse que estava brincando, caiu de cabeça e que a partir de então não sentia mais nada do pescoço para baixo. O médico veio, fez alguns testes e mandou-o para a sala de radiografia. No entanto eu fechei meus olhos, coloquei a mão sobre ele e orei. Pedi a Deus que o curasse. Os enfermeiros o levaram embora.

Passados alguns dias, que eu não sei precisar quantos, estava eu na apresentação dos corais da Igreja que pastoreava e da Igreja Presbiteriana Unida de Suzano em um teatro na cidade de Suzano. Após o término da apresentação da Cantata de Natal fui chamado á frente para dizer algumas palavras e orar. Parabenizei os corais, os regentes e todos os envolvidos na realização daquele momento de testemunho do nascimento de Jesus. Orei e desejei a todos um feliz natal. Ao sair do palco alguém me pegou pela mão e me disse: Maurão; você pode dar uma chegada no camarim? Há uma família que precisa falar com você. Imaginei que se tratava do que havia acontecido ali naquele teatro. Ao entrar vi que não conhecia ninguém a não ser a pessoa que me levou até o camarim. Foi então que, com lágrimas nos olhos, aquelas pessoas me relataram que eram parentes do moço que havia se acidentado e pelo qual eu havia orado naquele dia na Santa Casa. Disseram-me que ele havia sido milagrosamente curado. Disseram-me que viram quando eu me curvei diante do moço e orei por ele.

Toda glória seja dada Aquele que pode fazer milagres ainda hoje. Agradeço se pude ser, como foram Pedro e João, instrumento, ainda que indigno, para que tal milagre acontecesse. Deus tem nossas mãos, e nossos corações para levar a benção até outras mãos e corações e não sabemos exatamente quando isso irá acontecer.

3.             NO ABRIR DOS NOSSOS LÁBIOS, O ESPÍRITO SANTO NOS DÁ PODER PARA TESTEMUNHAR.

Pedro e João não haviam preparado o que iriam dizer. Eles deviam estar, de certa forma, atemorizados pela situação. Ora, por conta de terem sido usados por Deus para a cura de um paralítico de nascença e por terem testemunhado de Jesus, eles foram parar na cadeia.

Agora estão diante das autoridades da religião judaica e, como dissemos, aqueles mesmos que prenderam, julgaram e foram responsáveis pela morte de Jesus. O que poderia ocorrer com eles, homens simples?

Jesus, em um determinado momento de seu sermão profético (Mateus 24 e 25) disse se referindo aos seus discípulos e a todos os crentes de todos os tempos: “Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome”. (Mateus 24.9)

Entretanto, mesmo diante dessas circunstâncias, eles testemunham de Jesus. E Deus, por meio do Espírito Santo, coloca nos lábios daqueles homens, as palavras que precisam ser ditas.


4) NEM SEMPRE O RESULTADO DO NOSSO TESTEMUNHO REDUNDA EM SALVAÇÃO DE ALMAS.

O texto não fala de conversões. Nos outros dois sermões de Pedro, houve a conversão de aproximadamente cinco mil homens. Mas aqui, não se fala em conversão.

A obrigação da testemunha é dar testemunho. Pedro e João disseram: ...pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. (Atos 4.20)

O testemunho a respeito de Jesus, feito com amor pode sempre redundar em salvação de almas, mas é possível que muitos, a despeito desse testemunho, continuem caminhando a passos largos para a eternidade sem Deus.

Ninguém é condenado porque ouviu o evangelho e o rejeitou. Nós já nascemos condenados, porque nascemos pecadores, e o pecador não convertido não pode herdar o reino de Deus. Todavia, nossa situação se torna ainda mais caótica quando ouvimos as boas-novas de salvação e as rejeitamos. Quando isso ocorre nos tornamos ainda mais indesculpáveis e mais merecedores das penas eternas. Somos condenados porque nascemos pecadores e também porque rejeitamos o presente gracioso de Deus que é a salvação em Cristo Jesus.

Por isso, nós os que já fomos salvos, devemos testemunhar. As boas-novas são o único instrumento de Salvação. Paulo disse: Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé”. (Romanos 1.16-17)

4.   É IMPOSSÍVEL CALAR A VOZ DAQUELE QUE RECEBEU A SALVAÇÃO PELA GRAÇA.

“...não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. (Atos 4.20)

Imagine a seguinte situação querido leitor. Depois de você fazer alguns exames a pedido do médico, constata-se que você está à beira da morte. Então, o médico lhe diz que foi lançado nos últimos dias uma medicação que pode curar você e lhe devolver a vida que você está prestes a perder. Você vai, compra o medicamente, toma o remédio e fica totalmente curado.

Agora imagine que você conheça pessoas que também sofrem da mesma doença de que você foi curado. Teria você o desplante de se calar, se omitir? Ficaria você em silêncio vendo que outros caminham para o mesmo destino do qual você se viu livre simplesmente porque um médico lhe indicou o medicamento que salvou sua vida?

O mesmo acontece com o Evangelho. Quem por ele foi alcançado para a Salvação em Cristo Jesus, não pode se calar. É impossível ficar quieto quando sabemos que muitos caminham a passos largos para o inferno, o mesmo inferno que era teu destino certo, mas do qual Cristo por sua morte vicária e expiatória te livrou.

Por isso Pedro e João falaram e não se calaram. O resultado não foi auspicioso como em outras duas ocasiões, mas eles simplesmente afirmaram ser impossível ficarem quietos.

Concluo lançando um desafio a você que já é salvo, que já conhece Jesus de forma pessoal e salvífica: Fale dele! Fale de sua Salvação! Fale da vida nova que Cristo trouxe para aqueles que nEle creem e por Ele vivem.

Faça isso porque sinceramente, é algo que não podemos deixar de fazer seja em que circunstância for.

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