domingo, 23 de abril de 2017

A BÊNÇÃO DE TER DEUS NO CONTROLE

Paulo e Silas estavam na cidade de Filipos, Macedônia, por causa de uma visão (Atos 16:9). Por duas vezes antes de chegar naquela nação ele havia tentado rumar para outras direções. A primeira vez para a Ásia (Atos 16:6) e a segunda vez para a Bitínia (Atos 16:7). E nas duas ocasiões o Espírito Santo havia impedido.

Quantas vezes em nossas vidas tentamos fazer coisas que nunca dão certo? Às vezes, inclusive, estamos tão imbuídos das melhores intenções (o caso de Paulo, por exemplo, que era para fazer missões, pregar a Palavra de Deus) que ficamos a nos perguntar “O que deu errado?” ou “Por que deu errado?”.

A questão é que Deus não queria Paulo nem na Ásia nem na Bitínia. Deus queria Paulo na Macedônia. E essa é a questão. Se não estivermos, ou não nos colocarmos nos centro da vontade de Deus, as coisas nunca sairão como queremos ou esperamos.

Uma situação que lembra Ageu 1:9, onde o povo esperava muito e o que recebia era pouco, e o pouco que vinha logo era dissipado. E por quê? Porque estavam longe da vontade de Deus. Estavam vivendo a sua vontade pessoal. A sua vontade particular.

Haviam se tornado negligentes. Desleixados com a causa de Deus. E esse é um risco silencioso que devemos vigiar em nossas vidas com todo o cuidado. Jamais perder a vigilância de nós mesmos.

Lembra também Jonas, o teimoso, que quanto mais tentava se esconder pior ficava sua situação.

Ao perceber o que Deus queria, Paulo rumou para a Macedônia, chegando, como vimos no início, a Filipos. E apesar de ter ficado nessa cidade por pouco tempo, foi um importante instrumento nas mãos de Deus em pelo menos três obras poderosas: as conversões de Lídia e do carcereiro e sua família, e a libertação de uma jovem possessa de um demônio adivinhador.

Moral da história: Deus não nos chama para nada. Nenhum de nós. Não nos salva à toa. Ele tem um propósito para as nossas vidas, e isso passa pela realidade de ele quer nos usar, quer fazer de nós instrumentos, vasos de honra. Para sua honra

No intervalo dessa ação de Deus encontramos Paulo e Silas presos, acorrentados os pés e as mãos em um tronco, como se fossem os criminosos mais perigosos da Macedônia. Talvez no fundo em algum momento Paulo tenha se perguntado se tivesse ido para a Ásia e para a Bitínia não tivesse sido melhor. Afinal, a visão que tiveram os levou ao cárcere, ao castigo físico (Atos 22:23), à humilhação pública.

E aqui que podemos ver alguns mistérios de Deus revelados.
1. Romanos 8:28 “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”

Muitas vezes não entendemos porque, aparentemente, as coisas não estão dando certo. Ou mesmo que Deus esqueceu de nós. Mas acredite, se tivesse ido para a Ásia ou para a Bitínia, a situação de Paulo seria bem pior.

Basta lembrar mais uma vez o caso de Jonas. Ele se recusava a pregar em Nínive, na época uma cidade violentíssima, pagã. Achou ser mais seguro e confortável ir de barco para Társis. Resultado: o ventre do peixe, bem pior que pregar em Nínive.

Se amarmos a Deus, como diz o versículo em Romanos 8:28, o que vier é na frente é lucro ou mal menor. Davi aprendeu isso e disse no Salmo 37:5 “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará”(ACF). A BJ trás uma tradução ainda mais interessante. Ela termina com a expressão “e ele agirá”.

Se eu amo a Deus, vivo para ele, sou instrumento em suas mãos, sou bênção e não maldição, minha boca é usada para adorar e louvar e não para murmurar, me comporto como ovelha e não bode, então deve esperar que ele aja em meu favor. E ele agirá, como diz a Bíblia, porque ele é fiel

2. II Coríntios 9:6 “E digo isto: O que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia com fartura, com fartura também ceifará” Com Deus não há vitória sem luta. Não há colheita sem semeadura. Não há unção sem santidade. Não há poder sem Palavra. Não há salvação sem se abdicar de muitas coisas.

Paulo havia sido separado para uma grande obra. Não fez nada para merecer aquilo e por isso mesmo Deus o escolheu. Mas para se conseguir grandes coisas de Deus deve-se antes se fazer coisas grandes para Deus. Antes de receber as tábuas da Lei Moisés ficou quarenta dias no monte em consagração. Para receber uma resposta a uma oração Daniel jejuou por vinte e um dias. A grande obra que Paulo faria na Macedônia exigia mais do que simplesmente querer.

Era preciso enfrentar o inimigo. A incredulidade. A ganância dos poderosos, que foi a causa de sua prisão (Atos 16:19). Mas ali haviam vidas em jogo, uma obra a ser realizada, e ele, Paulo, sabia que Deus estava no comando da situação e era hora de colocar a fé para agir, não dava mais para voltar atrás, como bem mostra o autor em Hebreus 10:38. Essa é a verdadeira obra de Deus, “Os que semeiam com lágrimas, ceifarão com cânticos de alegria” (Salmos 126:5).

3. Atos 16:24-25 “Ele, tendo recebido tal ordem, lançou-os no cárcere interior, (‘a parte mais interna da prisão’ / BJ), e lhes segurou os pés no tronco. Perto da meia noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos, e os outros presos os escutavam”.

Acredite. Chega uma hora em que não vai dar mais para fazer nada. Quando isso acontecer, ore e louve ao Senhor, porque só ele terá a solução para o problema. Não era o que fazia Moisés o tempo inteiro? Dá para imaginar dois camaradas com as costas dilaceradas de açoites, acorrentados pés e mãos em um tronco, dentro de um beco escuro e fétido entoando cânticos de louvor ao Rei?

Sim, sabemos o quanto isso é difícil e como sempre temos a desculpa de dizer “mas era Paulo”. Por isso Deus permitiu que Silas estivesse junto. Para que todos vissem e vejam que fé não é só privilégio de apóstolos especiais. Quem era Silas? Um obreiro dedicado que amava a Deus. Era alguém que qualquer um de nós poderia ser. E muitos são.

O Deus que fez a terra tremer debaixo dos pés de seus servos é o mesmo Deus até hoje. Seu poder permanece inalterado. Ele continua fazendo qualquer coisa que queira. O homem não tem autoridade para lhe impor limites.

Para que tudo isso aconteça. Para que estejamos sempre no centro da verdade de Deus, precisamos trazer Jesus para o centro de nossas vidas. Precisamos nos arrepender dia após dia de nossas transgressões e começar a caminha rumo à luz de Cristo.

Precisamos mudar, e buscar sermos cada vez mais parecidos com ele, imita-lo. Ele mandou que fizéssemos isso: imita-lo. E mesmo sabendo que nunca seremos como ele, mas ficamos satisfeitos que em saber que morremos tentando. E o primeiro passo é reconhecê-lo e recebe-lo como único e suficiente Salvador de nossas vidas.

Neto Curvina

Por Litrazini

Graça e Paz

JACÓ, UM EXEMPLO DE UM CARÁTER RESTAURADO


2º Trimestre/2017

Texto Base: Gênesis 25:28-34; 32:24,28,30

"Como está escrito: Amei Jacó e aborreci Esaú" (Rm.9:13).

 INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de Jacó, neto de Abraão. Jacó possuía um caráter oportunista e usurpador, que levou a enganar o próprio pai. Mas, Jacó teve um encontro com Deus e foi transformado por Ele (Gn.32:30). Todo encontro com Deus é transformador, ninguém sai da Sua presença da mesma maneira que entrou. Deus purificou o caráter de Jacó como o ourives faz com o ouro, restaurando-o a um padrão condizente com a Sua vontade – “O ouro e a prata são provados pelo fogo, mas é o SENHOR que revela quem as pessoas realmente são” (Pv.17:3-BKJA).

Jacó marca o fim da era patriarcal com relação à origem da nação de Israel; ele é o último dos patriarcas de onde vieram as doze tribos de Israel. Sua vida ocupa uma grande porcentagem do livro de Gênesis, e é marcada por altos e baixos, erros, enganos, sofrimento, mudança e fidelidade a Deus. Certamente, nenhum dos patriarcas que o antecederam precisou ser tão trabalhado em seu caráter como Jacó, mas, no fim de sua vida, olhamos nele um grande exemplo da graça provedora e salvadora do Senhor; da escolha baseada não em méritos próprios, mas na misericórdia e presciência divinas, além de um notável exemplo de mudança de caráter tecido no trabalhar de Deus no sofrimento.

I. QUEM ERA JACÓ

1. O filho mais novo de Isaque. O nascimento de Jacó foi um milagre. Sua mãe, Rebeca, era estéril. Isaque orou instantemente por vinte anos para que Deus abrisse a madre de sua mulher Rebeca (Gn.25:20,21,26) e Deus ouviu a sua oração. Rebeca engravidou e logo notou que havia gêmeos em seu ventre, que lutavam entre si (Gn.25:22), tendo, então, o Senhor, em resposta à oração de Rebeca, dito que havia duas nações no seu ventre e que o maior serviria o menor (Gn.25:23). No nascimento, Esaú nasceu primeiro, tendo sido chamado Esaú porque era cabeludo, sendo também chamado Edom, porque era ruivo, enquanto que o caçula foi chamado de “Jacó”, porque nasceu segurando no calcanhar de seu irmão, por isso, recebeu o nome de “Jacó”, que significa “suplantador” ou “aquele que segura pelo calcanhar”.

2. O preferido de sua mãe. Isaque e Rebeca já sabiam de antemão que Jacó era o escolhido para dar seguimento à formação da grande nação prometida a Abraão e na qual seriam benditas todas as famílias da terra (Gn.12:1-3), e as circunstâncias do nascimento que levaram, inclusive, à concessão dos nomes aos filhos gêmeos, também já mostravam que Jacó ocuparia o lugar que, por direito, seria de seu irmão primogênito, mas, infelizmente, esqueceram-se de tal afirmação divina e se deixaram inclinar por suas predileções pessoais. Isaque preferia Esaú, porque seu comportamento lhe agradava, assim como Rebeca preferia Jacó também por causa da conduta de seu filho caçula – “varão simples, habitando em tendas" (Gn.25:27,28). Estas atitudes acabaram levando à própria destruição do lar do patriarca Isaque.

Quando Isaque adoeceu e achou que iria morrer, mesmo sabendo que Jacó era o escolhido de Deus, quis dar a sua bênção para Esaú e, por isso, mandou que seu primogênito lhe preparasse uma caça. Rebeca, sabendo disto, resolveu enganar o seu marido, a fim de que a bênção fosse dada a Jacó e instigou seu filho a participar deste engodo. Jacó, mediante engano, obteve a bênção de seu pai (Gn.27:27-29).  Esaú, ao retornar da caça descobriu que seu irmão tomara sua bênção, teve que se conformar com uma bênção menor (Gn.27:39,40). Cheio de ódio, planejou matar seu irmão (Gn.27:41). Diante da ameaça de Esaú, Jacó teve que fugir. Percebendo que Deus tinha um plano na vida de Jacó, Isaque o despediu com uma bênção profética de grande significado (cf. Gn.28:1-4).

Isaque e Rebeca ficaram vinte anos sem ter filhos, e, agora, os filhos são transformados em problemas. Eles transformaram uma bênção num problema. Os filhos, em vez de unir, separam o casal. Isaque tem preferência por Esaú, e Rebeca, por Jacó. Eles fizeram dos filhos um motivo de tropeço para o casamento. Eles cometeram um grave pecado contra os filhos. Eles tiveram preferência por um filho em detrimento do outro. Jacó aprendeu esse erro com os pais e o comete mais tarde, amando mais a José que seus irmãos.

Isaque e Rebeca semearam o ciúme, a competição e o ódio no coração dos filhos (Gn.27:5-8). Eles lançaram no coração dos filhos o ciúme, a inveja, a disputa e a competição. Em vez de amigos, os filhos cresceram como concorrentes e rivais. Eles se esqueceram de que, na família, primeiro vem o cônjuge e, depois, os filhos. Rebeca ensina Jacó a mentir. Esaú passa a odiar seu irmão e a desejar sua morte (Gn.27:34,36,41). Jacó precisou fugir de casa para salvar sua vida. Esaú, para vingar-se dos pais, puniu-se a si mesmo, casando-se com mulheres filistéias, que se tornaram amargura de espírito para seus pais.

3. O preferido de Deus. Deus em seus desígnios já havia escolhido Jacó, antes do seu nascimento, e revelado aos seus pais que o primogênito serviria ao caçula (Gn.25:23). Portanto, antes mesmo do seu nascimento, Jacó já fora escolhido por Deus para ser o herdeiro da promessa de Abraão (Ml.1:2; Rm.9:13). Tal escolha, porém, não significa, em absoluto, que haja uma predestinação incondicional, que Deus seleciona previamente quem será salvo e quem não o será. Deus não tem filhos privilegiados, nem escolhe uns para a salvação e outros para a condenação, pois tal atitude contraria frontalmente o seu caráter santo, justo e bom. Seria, portanto, uma terrível discriminação por parte de Deus que condena quem faz acepção de pessoas (Tg.2:9; Pd.1:17). Aqui, a escolha dizia respeito à formação da nação de onde viria o Salvador e, como a nação era formada diretamente por Deus, tinha Ele o pleno direito de escolher quem quisesse, sem que isto representasse parcialidade ou injustiça. Já a ideia da predestinação incondicional é incompatível com a assertiva bíblica de que Deus não faz acepção de pessoas (Dt.1:17; 10:17; At.10:34).

II. A DIREÇÃO DE DEUS NA VIDA DE JACÓ

“E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra, porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito” (Gn.28:15).

Jacó se dispôs a obedecer aos seus pais e encarou a rota de fuga rumo a Padã-Harã (Gn.28:7), onde morava seu tio, Labão, cerca de 640 quilômetros de distância. Quando ia, ele parou num certo lugar e ali passou a noite, porque já o sol era posto, e tomou uma das pedras daquele lugar e a pôs por sua cabeceira e deitou-se (cf. Gn.28:11). Ali, Deus apareceu a Jacó e disse-lhe: "Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque..." (Gn.28:13). Observe que Deus não lhe disse: "Eu sou o teu Deus". Até aquele momento, Deus não era o Deus de Jacó. O conhecimento de Jacó acerca de Deus era apenas teórico; ele tinha apenas uma fé intelectual, que é uma fé morta.

Jacó foi escolhido por Deus, mas ainda não conhecia o Senhor pessoalmente. Jacó foi escolhido, mas não confiava na providência divina, por isso, em vez de confrontar seu pai acerca do propósito de Deus, mente para ele (cf.Gn.27:18-27). Jacó se tornou um enganador, um mentiroso, um falsário, um retrato de seu nome. Ele lidava com as coisas de Deus, mas sem o temor a Deus. Ele era um patriarca, mas não conhecia Deus pessoalmente. Uma coisa é crescer na igreja, pertencer a um lar cristão, ler a Bíblia e ser membro da igreja; outra coisa é ser nova criatura. Ninguém entra no céu por ser filho de crente, por ter nome de crente. Somente aqueles que nascem de novo, que nascem da água e do Espírito, podem entrar no Reino de Deus (João 3:3,5). Se não tivermos cuidado, Deus será apenas o Deus dos nossos pais, e não o Deus da nossa vida.

Apesar de sua fé teórica e ainda não conhecer de perto o Deus de Abraão e Isaque, o Senhor toma a iniciativa e revela-se a Jacó fazendo-lhe promessas grandiosas. Vejamos, a seguir, algumas dessas promessas.

1. Deus lhe promete proteção e direção (Gn.28:15) - “....e te guardarei por onde quer que fores...”. Jacó agora tem segurança na jornada e propósito de vida. Ele sabe que Deus é seu refúgio e também seu alvo. Jacó agora pode caminhar seguro debaixo da mão do Onipotente. Ele pode sentir-se seguro nos braços do Todo-poderoso. Ele sabe que o futuro com Deus não é mais incerto.

2. Deus Se revela a ele, dizendo-lhe que está perto dele (Gn.28:15) -  “E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra, porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito”. Jacó caminha solitário, com as emoções amassadas, com a alma perturbada, com um passado cheio de feridas e um futuro incerto. Mas, nessa jornada, tomou conhecimento de que, a despeito dos seus erros de percurso, Deus estava perto dele.

3. Os anjos de Deus o assistem (Gn.28:12) - “E sonhou: e eis era posta na terra uma escada cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela”. Jacó pensou que estava só e desamparado, mas Deus estava perto dele, e os anjos de Deus estavam ao seu redor para o assistirem. O anjo do Senhor acampa-se ao nosso redor (Sl.34:7). Os anjos são espíritos ministradores que nos assistem na caminhada da vida (Hb.1:14). Os anjos de Deus subiam e desciam a escada mística que ligava a terra ao céu. Note que os anjos não desciam e subiam, mas subiam e desciam. Eles já estavam na Terra. Eles já estavam assistindo Jacó em sua jornada. Jacó descobriu que onde Deus está, ali é sua casa, "a porta dos céus" (Gn.28:13-17).

4. Deus lhe promete bênçãos temporais (Gn.28:14,15) - “E a tua semente será como o pó da terra; e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e em ti e na tua semente serão benditas todas as famílias da terra [...] e te farei tornar a esta terra, porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito”. Deus promete a Jacó três coisas maravilhosas: prosperidade, descendência numerosa e abençoada. Jacó, aliado à sua mãe, pensou que precisava ajudar Deus cumprir Sua promessa, mas, Deus estava no controle de tudo. A aparente demora de Deus é apenas um recurso pedagógico. As promessas de Deus jamais podem cair por terra. Nenhuma força no céu, na terra ou debaixo da terra pode anular os desígnios de Deus. O que Deus promete, Ele cumpre. Mesmo quando nos tornamos infiéis, Deus permanece fiel. Jacó estava fugindo, cabisbaixo, sob o fardo da culpa, mas Deus o encontra e faz-lhe promessas gloriosas.

5. A coluna em Betel. Quando Jacó acordou de seu sono, depois de ter aquela magnífica visão da escada e dos anjos e, ao ficar aturdido pela glória da visão, exclama: "Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia” (Gn.28:16). Jacó tem uma visão da presença manifesta de Deus. A presença manifesta de Deus nos causa profundos abalos. Jacó despejou sua admiração numa fervente exclamação: “Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus" (Gn.28:17). Quando Moisés percebeu a presença manifesta de Deus no arbusto fumegante, no monte Sinai, ele se prostrou. Quando Isaías entrou no templo e viu a presença manifesta de Deus, assentado num alto e sublime trono, ficou aterrado. Quando Daniel ficou sozinho diante do ser celestial, seu corpo enfraqueceu; ele cai prostrado diante do fulgor do anjo (cf.Dn.10:8). Quando João viu o Senhor glorioso na ilha de Patmos, caiu aos seus pés. Diante da manifestação da glória de Deus os homens se prostram e se humilham. A glória de Deus é demais para o frágil ser humano suportar.

Tão impactante na sua vida foi aquele episódio, que Jacó chamou aquele lugar deserto de Betel, que significa "Casa de Deus" - “Então, levantou-se Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela. E chamou o nome daquele lugar Betel...” (Gn.28:18,19).

Sem dúvida alguma, a história de Jacó se divide em dois períodos: antes de Deus encontrá-lo e depois daquele encontro especial. Ali, naquela madrugada, Jacó ouviu Deus lhe falar, sentiu a presença divina e teve uma mudança extraordinária em sua vida.

Talvez você ainda esteja nesse estágio: Você tem visões da presença de Deus; você levanta altares a Deus; você sabe que esse lugar é a casa de Deus e a porta do céu; você caminha sob a graça comum de Deus - prosperidade, família, segurança. Mas, Deus ainda não é o Deus de sua salvação; Ele é apenas o Deus de seus pais. Há pessoa que é filho de pais crentes, que nasceu num berço evangélico, que conhece a casa de Deus, mas, infelizmente, não conhece o Deus da casa de Deus. Você já conhece Deus? Ele é o Deus de sua vida e o Deus da sua salvação?

III. ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ

O caráter de Jacó teve duas fases - antes do seu encontro com Deus em Betel: oportunista, mentiroso e enganador; após o seu encontro com Deus em Betel: agradecido, paciente, trabalhador e cheio de fé.

1. Antes do seu encontro com Deus. Até o encontro com Deus em Betel, Jacó tinha um comportamento reprovável. Ele enganou, mentiu, traiu. Ele praticou tudo isso porque era apenas um "homem natural", ou carnal, pois um homem carnal não compreende as coisas espirituais (1Co.2:14). Vejamos alguns aspectos negativos de seu caráter antes do seu encontro com Deus.

a) Oportunista e egoísta. Num certo dia, quando Esaú voltava do campo, cansado, Jacó estava preparando um guisado vermelho. Esaú, então, pediu o guisado a Jacó e este, ardilosamente, resolveu atendê-lo, trocando o prato de lentilhas pela primogenitura de Esaú – “vende-me hoje a tua primogenitura" (Gn.25:31). Esaú, desprezando a bênção espiritual que tinha, alienou-o, demonstrando, com isso, que era uma pessoa profana (Hb.12:16), ou seja, que desprezava as bênçãos espirituais, sendo mais guiado pelo instinto, pela carnalidade (Gn.25:30-34).

b) Interesseiro e calculista. Além de propor a troca da primogenitura ao irmão, exigiu que Esaú fizesse um juramento que lhe garantisse que a troca seria respeitada por toda a vida: "Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó" (Gn.25:33; Hb.12:16). Com sua atitude ardilosa, Jacó demonstrava, assim, ser realmente um “suplantador”, pois conseguira obter para si a bênção que, por direito, pertencia a Esaú, tomando-lhe o lugar.

No entanto, é preciso observar que Jacó dava valor à bênção da primogenitura, à promessa divina de constituição de uma nação que faria benditas todas as famílias da terra, enquanto que Esaú simplesmente desprezava esta bênção espiritual, sendo pessoa presa às coisas desta vida, pessoa que não tinha qualquer consideração pela eternidade, pelo relacionamento com Deus. Portanto, Jacó desde o início de sua vida, mostrava-se apto para ser um patriarca, porque dava valor às coisas espirituais, porque, como diz o escritor aos hebreus, não tinha como alvo este mundo terreno, mas, sim, a cidade celestial, a vida eterna com Deus (Hb.11:9,10,13-16). Neste sentido, aliás, temos aqui o outro significado de “suplantador”, ou seja, “aquele que se supera”, aquele que quer ir além da posição onde se encontra. Na Sua presciência, Deus amou Jacó precisamente por causa do valor que Jacó dava ao relacionamento com o Senhor.

c) Mentiroso e enganador. Duas características sumamente reprováveis. Jacó aprendeu a ser assim dentro da casa de seus pais. Jacó, movido pela vontade inflexível de sua mãe, enganou seu velho pai; mentiu, forjando sua identidade; passou-se por Esaú; blasfemou contra Deus e deu um beijo de mentira em seu pai (Gn.27:18-20,24,26,27). Ele aprendeu com a mãe e, daí para a frente, viveu como um suplantador, um enganador.

O lar é um campo de semeadura - nós colhemos o que plantamos, refletimos quem somos em nossos filhos. Porque Isaque e Rebeca plantaram a falta de diálogo, seus filhos cresceram sem amizade. Porque Isaque e Rebeca tinham preferências, seus filhos cresceram como rivais. Porque Isaque e Rebeca semearam competição entre os filhos, eles colheram o ódio de Esaú por Jacó. Porque eles não cultivaram amizade entre os filhos, passaram a velhice na solidão, longe dos filhos.

Jacó precisou fugir de casa. Saiu como mentiroso, traidor, embusteiro. Saiu com a consciência culpada, deixando um pai enganado, um irmão traído e uma mãe protetora fracassada. Jacó perdeu a casa, perdeu a mãe protetora, perdeu o amor do irmão e a consciência tranquila. Vinte anos depois, Deus restaurou a amizade de Jacó e Esaú, mas Rebeca não viu isso, e o pai estava muito velho para alegrar-se nessa restauração. Peça a Deus que faça você ver um milagre em sua família.

2. Depois do seu encontro com Deus. Após essa primeira experiência que Jacó teve com Deus em Betel, quando ia em direção a Harã, o seu caráter passou a demonstrar um perfil diferente do que era antes. A presença manifesta de Deus causa profundos abalos na vida do ser humano. Observe a transformação no caráter de Jacó após o seu primeiro encontro com Deus em Betel:

a) um caráter agradecido. Após a experiência sobrenatural da visão da escada, Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus e fez-lhe um voto, dizendo: "... se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”.

Aqui, o texto trata de um voto, ou uma obrigação que Jacó assumiu com Deus. Na Bíblia, um voto é geralmente uma oração em que o indivíduo se compromete a fazer alguma coisa quando Deus atende suas orações. Isso era realizado principalmente em tempos de intensa necessidade ou perigo. Havia dois tipos de votos: (1) o voto incondicional, no qual o povo se comprometia a fazer algo para o Senhor sem pedir nenhuma bênção específica, que era o caso do voto dos nazireus (Nm.6:2); e (2) o voto condicional, que seria cumprido se o favor solicitado fosse concedido (1Sm.1:11). A prática era baseada no princípio da reciprocidade: um favor recebido requer uma expressão de gratidão; a pessoa que recebe algo, por meio de sua oferta, transforma-se em doadora. Isso não era uma tentativa de barganhar com Deus, mas o desejo de ter intimidade e relacionamento com Ele. Deus é considerado alguém com quem se pode conversar e pedir um favor, e alguém para quem se pode fazer uma promessa de retribuir Sua bondade. As pessoas sabiam que Deus podia escolher não conceder a petição, o que tornava desnecessário o cumprimento do voto.

Jacó, em seu voto, pediu a presença divina para protegê-lo e para retornar a salvo. Se isso lhe fosse concedido, o Senhor seria o seu Deus e ele lhe daria o dízimo de tudo quanto Deus lhe desse. Observe que Deus já havia prometido a Jacó, em sonho, o que ele estava pedindo, e muito mais. Deus já havia prometido que lhe daria o lugar em que estava dormindo, que multiplicaria seus descendentes, que todos os povos seriam abençoados por meio dele e que estaria com ele para protegê-lo (Gn.28:13-15). Então, por que Jacó não confiou nas promessas de Deus sem recorrer à “garantia” do voto? Talvez porque Jacó ainda não tinha maturidade espiritual plena, ou seja, ele ainda não tinha um compromisso total com o Senhor.

O voto de Jacó foi uma experiência que o levou a assumir um compromisso pessoal com o plano de Deus para ele e seus descendentes. Deus lida conosco de acordo com nossa condição espiritual e, se desejarmos, Ele pacientemente nos conduz a um relacionamento mais profundo e pessoal com Ele como nosso Redentor.

- No voto, ele disse: “Então o Senhor será o meu Deus” (Gn.28:21). Vendo esta atitude de Jacó, Deus Se identificou como “o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque” (Gn.28:13). Ele ainda não era o Deus de Jacó; foi Seu cuidado providencial que resultou na conversão desse patriarca. Deus o abençoou tão abundantemente enquanto trabalhava para Labão que ele disse: “Foi assim que Deus tirou os rebanhos de seu pai e os deu a mim” (Gn.31:9). O Senhor também protegeu a Jacó em seus negócios com Labão (Gn.31:22-24) e durante seu encontro com Esaú (Gn.33:1-5). Finalmente, o Senhor enviou Jacó de volta à terra de Canaã com a promessa de Sua presença (Gn.31:3). Nesse momento da história, Jacó escolhe o Senhor como seu Deus; o Senhor agora era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Este já não era mais Jacó, e sim Israel (Gn.32:24-30). Em Canaã, ele construiu um altar e adorou ao Senhor (Gn.33:20).

- No voto, também, ele disse que daria o dízimo de tudo que Deus desse para ele. Até ali Jacó nunca teve renda própria, morava na casa de seu pai, não tinha salário. Agora Jacó está iniciando sua vida própria. Terá que viver e sobreviver do trabalho de suas mãos. Ao contrário do que muitos pensam, ele não disse “se eu ficar rico”, ou “se eu ganhar muito dinheiro”. Não foi esta a sua oração. Ele não usou o Dízimo como instrumento de troca. Ele pediu a Deus o básico, as condições necessárias para a sua sobrevivência: alimento e roupa. Ele prometeu dar o dízimo “de tudo quanto me deres”, ou seja, pouco ou muito. O Dízimo nunca teve o objetivo de ser um instrumento para gerar riquezas; ele deve ser exercitado como uma prova de obediência e de fé. 

b) um caráter esforçado e sofredor. Chegando a Harã, Jacó logo foi querendo saber onde morava a família de Labão, seu tio, e, nesta procura, encontrou-se com Raquel, sua prima, de quem logo se enamorou, tendo-a pedido em casamento a seu tio Labão e, como não tinha qualquer patrimônio, dispôs-se a trabalhar sete anos por ela (Gn.29:1-20). Passados os sete anos de trabalho, Jacó, então, foi enganado por seu tio Labão, pois, após a festa do casamento, acabou por dormir com Leia e não com Raquel, pois não sabia que, em Padã-Harã, não se podia casar a filha mais nova antes da mais velha. Jacó começa, assim, a sofrer as consequências de seu pecado, ao enganar seu pai, sendo, também, enganado. Teve, então, de trabalhar mais sete anos para poder casar com Raquel (Gn.29:21-27). Temos aqui a chamada “lei da ceifa”, bem descrita em Gl.6:7: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. Temos aqui mais uma prova de que não foi o engano, que ele cometeu junto ao seu pai, que deu a bênção a Jacó, tanto que este engano fez com que ele fosse seguidamente enganado por seu tio Labão.

Mas há, ainda, um outro fator que levou Jacó a ser enganado: a falta de vigilância e de comunhão com Deus. Deus havia Se manifestado a Jacó em Betel, havia lhe confirmado sua condição de herdeiro da promessa de Abraão, mas, desde que Jacó chegou a Harã, em momento algum vemos Jacó adorando a Deus, em momento algum vemos Jacó edificando um altar ao Senhor. Jacó passou vinte anos em Harã (cf. Gn.31:38) e, durante todo este tempo, não ofereceu qualquer sacrifício a Deus, nem sequer educou seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor. Ora, quem não tem qualquer relacionamento com Deus, acaba por se comprometer com este mundo e, assim, acaba enganando e sendo enganado, indo de mal a pior (2Tm.3:13).

c) Um homem na direção de Deus. Jacó havia se esquecido de Deus, mas Deus não havia Se esquecido de Jacó. Apesar da indiferença demonstrada por Jacó para com as coisas relacionadas a Deus e que havia se restringido tão somente à observância da circuncisão de seus filhos (cf. Gn.34:14) durante aqueles vinte anos em que estivera em Padã-Arã, Deus vai ao encontro do patriarca e, no momento da angústia e aflição, manda-lhe voltar para Canaã. Jacó chamou, então, sua família e lhe relatou o ocorrido, dizendo que o Senhor lhe dissera que havia sido Ele quem providenciara a transferência patrimonial para Jacó em detrimento de Labão e que deveria retornar a Betel, inclusive para cumprir o voto que fez em Betel (Gn.31:4-13).

Ao saber da fuga de Jacó, Labão foi ao seu encalço e o fez principalmente por causa dos ídolos que lhe haviam sido roubados. Estes ídolos, como explicam os historiadores e arqueólogos, representavam a posse e propriedade da terra, e Labão achou que Jacó havia partido mas reivindicaria, posteriormente, todas as terras de Labão. Labão não achou os ídolos, pois Raquel simulou estar menstruada e não se levantou onde eles estavam, o que causou a ira de Jacó. No entanto, Jacó e Labão fizeram um concerto, segundo o qual Jacó não reivindicaria jamais as terras de Labão e Labão, a terra de Canaã (Gn.31:22-55). Aliás, Labão não podia praticar nenhum mal a Jacó, porque Deus entrou em ação e lhe determinou que não falasse com Jacó "nem bem nem mal" (Gn.31:24). Deus age ainda assim conosco. Deus quer que os homens se salvem e, por isso, vai ao encontro do homem querendo que ele se arrependa de seus pecados. Quão grande é o amor de Deus!

Na volta para Canaã, Jacó viu anjos de Deus (Gn.32:1), uma confirmação divina para o patriarca, uma confirmação de que estava a fazer a vontade de Deus. Assim como ocorrera com seu avô Abraão, Jacó teve uma visão das coisas espirituais depois que se desvencilhou de aspectos de sua vida que não eram agradáveis a Deus. Quando nos aproximamos de Deus, quando nos santificamos, quando eliminamos aspectos de nossa vida que não agradam ao Senhor, temos nossa visão mais nítida para as coisas dos céus. Por isso, como disse o salmista Asafe, boa coisa é nos aproximarmos do Senhor (Sl.73:28).

3. No seu encontro com Esaú. Jacó sabia que tinha uma questão pendente na sua volta para Canaã: a relação com seu irmão Esaú. Sabia que o relacionamento havia se desfeito em virtude da mentira com que obtivera a bênção de seu pai, mas Jacó estava determinado a superar esta situação e, por isso, mandou mensageiros a Esaú, que já habitava em Seir neste tempo, dizendo-se servo dele e relatando que havia obtido um patrimônio enquanto tinha estado em Padã-Arã. Os mensageiros retornaram, dizendo a Jacó que Esaú vinha ao seu encontro (Gn.32:2-6). Jacó, então teve medo e se angustiou muito, pois se lembrou da intenção homicida de seu irmão.

O pecado sempre gera terror e morte. Jacó sabia que não havia se conduzido bem. Por isso, esperando o pior, Jacó repartiu seu povo em dois bandos, a fim de que, pelo menos, metade de seu povo escapasse de Esaú. Simultaneamente, orou a Deus, pedindo-lhe ajuda, algo que jamais havia feito em Padã-Arã. Jacó, com isso, dá uma grande e profunda lição: a oração não é só clamor a Deus, mas também ação. Devemos fazer aquilo que depende de nós e confiar em Deus para que o que não podemos fazer, Ele o faça em nosso favor. Temos agido assim?

Também, com o objetivo de aplacar a ira de Esaú, Jacó enviou presentes para ele (Gn.32:7-21). Ao encontrar seu irmão, reconciliou-se com ele e o abraçou com perdão e amor.

4. A plena mudança do caráter de Jacó. Após passar o seu povo pelo vau de Jaboque, dividido em dois bandos, ele ficou sozinho ali, certamente para buscar a presença de Deus, em continuidade à sua oração por livramento (Gn.32:22-24). No vau de Jaboque, porém, apareceu um varão com quem Jacó lutou. A luta durou toda a noite e, vendo o varão que não conseguia prevalecer contra Jacó, deslocou a juntura da coxa de Jacó, deixando-o, pois, coxo. Mesmo coxo, porém, Jacó não deixou escapar aquele varão, que teve, então, de pedir que o deixasse partir, o que Jacó concordou desde que fosse abençoado por este varão. Entretanto, aquele varão, antes de o abençoar, mandou que dissesse qual era o seu nome. Jacó confessa o seu nome: suplantador. Nesta confissão, Jacó reconhece que havia vivido a enganar e a ser enganado até então. A bênção de Deus nunca vem na sua plenitude se não houver confissão e arrependimento. Como diz o proverbista: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv.28:13).

Aquele varão, então, diante de tal confissão, mudou o nome do patriarca para Israel, nome cujo significado é “aquele que luta com Deus”, porque “como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gn.32:28). Estava retirado o último ponto que impedia Jacó de desfrutar da plenitude da promessa de Abraão.

Jacó ainda quis saber o nome daquele varão, mas este não o disse, tendo, então, partido. Com certeza, esse varão outro não é senão o Senhor Jesus em mais uma das chamadas “manifestações teofônicas”, ou seja, aparições antes de Sua encarnação. Como podemos saber que este varão é o Senhor Jesus? Pelo fato de ter abençoado Jacó (e anjo jamais abençoa), como também pela própria circunstância de lhe ter sido dado o nome de Israel, ou seja, “aquele que luta com Deus”. Ora, isto nos mostra, com clareza, que quem lutou com Jacó foi o Senhor Jesus. O próprio Jacó teve esta percepção, tanto que chamou aquele lugar de Peniel, que significa “a face de Deus”, admitindo ter visto Deus face a face e ter sido salvo (Gn.32:30). Jacó ficara coxo mas tinha tido o seu caráter completamente mudado com aquela rica experiência espiritual.

IV. ALGUMAS VERDADES IMPORTANTES QUE A VIDA DE JACÓ NOS REVELA

Adaptado do livro “Quatro homens e um destino”, do Rev. Hernandes Dias Lopes.

1. Deus amou Jacó, apesar de seus pecados (Gn.25:23). O nome de Jacó era um retrato de sua personalidade. Jacó significa enganador, mentiroso. Ele enganou seu pai e seu irmão. A despeito de quem ele era, Deus o escolheu. Mesmo Deus nos conhecendo como somos, ainda nos ama. Esse é um glorioso mistério! Não há nenhum mérito nosso que justifique o amor de Deus por nós. Nossos atos de justiça são, aos Seus olhos, como trapos de imundícia (Is.64:8). O homem sem Deus está morto, escravizado, depravado e condenado (Ef.2:1-3). O espantoso da graça de Deus é que Ele ama com amor eterno os filhos da ira. Ele aplacou Sua própria ira, satisfazendo Sua justiça no sacrifício perfeito e substitutivo do Seu Filho na cruz.

2. Jacó reconheceu sua necessidade de salvação (Gn.32:26) - “E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares”. Observe que Jacó se agarrou ao Senhor e disse: "Não te deixarei ir, se não me abençoares". Os olhos da alma de Jacó foram abertos para compreender que a maior necessidade de sua vida não era de riqueza nem mesmo de ter uma família numerosa e próspera, mas de ter Deus. Deus sem Jacó é Deus, mas Jacó sem Deus não é ninguém. Deus não precisa de nós, pois sempre e eternamente subsistiu como Deus perfeito em Si mesmo. Mas nós, sem Deus, somos um ser vazio, insatisfeito, incompleto, menos do que nada.

3. Jacó chorou buscando a transformação de sua vida (Os.12:4) - “Como príncipe, lutou com o anjo e prevaleceu; chorou e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco”. O coração do velho Jacó agora se derrete. A resistência acaba. O homem endurecido se quebranta. Aquele que era crente apenas de nome, agora se dobra e chora diante de Deus. Quando uma criança entra no mundo, seu sinal de vida é o choro. O choro é sinal de vida. Quando um coração endurecido é quebrado, e quando os olhos da alma são abertos para a nova vida em Cristo, o choro do arrependimento sincero explode como sinal de genuína conversão.

4. Jacó confessou seu pecado a Deus (Gn.32:27) - “E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó”. Deus lhe pergunta: qual é o seu nome? Quando seu pai lhe fez essa pergunta, Jacó mentiu dizendo que era Esaú. Agora, Deus lhe pergunta de novo. Não que o Senhor não soubesse o nome dele. Deus estava lhe dando a oportunidade para ele reconhecer o seu pecado, sua identidade. Ele, então, disse: "Jacó". Aquela não foi uma resposta, mas uma confissão. O nome Jacó significa enganador, suplantador. Ele era um retrato de seu próprio nome. Ninguém pode ser salvo antes de reconhecer que é pecador. Jesus Cristo não veio chamar justos, mas pecadores. O médico celestial não veio para os que se julgam sãos, mas para os enfermos. No céu, só entrarão os arrependidos, aqueles que reconhecem que carecem totalmente da graça de Deus.

5. Jacó viu Deus face a face, e foi salvo (Gn.32:30) - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva”. Não basta apenas ouvir falar de Deus, é preciso ver Deus face a face, é preciso ter uma experiência com Deus. Devido essa grandiosa experiência, Jacó chamou aquele lugar de Peniel, que significa “a face de Deus”, admitindo ter visto Deus face a face e ter sido salvo (Gn.32:30). Em Peniel, Jacó encontrou-se com Deus e consigo mesmo, e sua vida foi salva. O supremo propósito da vida é ver Deus. O céu é a casa do Pai. O objetivo de Jesus é nos levar ao Pai. Quando o véu da incredulidade é removido de nosso rosto, e as escamas caem dos nossos olhos, então, pela fé, contemplamos a face sorridente de Deus. Ele corre para nos abraçar e fazer uma grande festa pela nossa volta ao lar.

CONCLUSÃO

Jacó, por causa do seu caráter deformado, foi necessário trilhar uma longa jornada até se tornar um homem transformado e apto. Apesar da sua vida de enganos e de mentiras, Jacó encontrou-se com Deus de uma forma maravilhosa no vau de Jaboque (Gn.32:22-32), quando, então, teve mudado o seu caráter. Observemos que Deus Se manifestou a Jacó em Betel, quando ele ia para a casa de seu tio Labão, em Padã-Arã, mas Jacó somente teve um encontro real e transformador com Deus muitos anos depois (cerca de vinte anos), no vau de Jaboque. Há, portanto, uma diferença crucial entre tomar conhecimento da existência e da vontade de Deus e deixar que a vontade de Deus se cumpra nas nossas vidas, e somente quem age da segunda maneira é que desfrutará da vida eterna. Ainda que alguém tenha feito maravilhas no nome do Senhor, somente alcançará a vitória se fizer a sua vontade (Mt.7:20-23).

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão. CPAD.

Paul Hoff. O Pentateuco.

Bruce K. Waltke. Gênesis. Editora Cultura Cristã.

Ev. Caramuru Afonso Francisco.  Jacó, o suplantador, que se torna Israel, o príncipe que luta com Deus e prevalece. PoratalEbd_2015.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Quatro Homens e um destino.

sábado, 22 de abril de 2017

Isaque, um Caráter Pacífico Lição 4 CPAD 22 de Abril de 2017

Isaque, um Caráter Pacífico 
Lição 4 CPAD 22 de Abril de 2017
Estudo Pr Osvarela
Texto Áureo
"E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque; e com ele estabelecerei o meu concerto, por concerto perpétuo para a sua semente depois dele." Gn 17.19
LEITURA BÍBLICA 
Gênesis 26.12-25
12 E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o SENHOR o abençoava.
13 E engrandeceu-se o homem, e ia enriquecendo-se, até que se tornou mui poderoso.
14 E tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço, de maneira que os filisteus o invejavam.
15 E todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra.
16 Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.
17 Então Isaque partiu dali e fez o seu acampamento no vale de Gerar, e habitou lá.
18 E tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai.
19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
20 E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso chamou aquele poço Eseque, porque contenderam com ele.
21 Então cavaram outro poço, e também porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Sitna.
22 E partiu dali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Reobote, e disse: Porque agora nos alargou o SENHOR, e crescemos nesta terra.
23 Depois subiu dali a Berseba.
24 E apareceu-lhe o SENHOR naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão meu servo.
25 Então edificou ali um altar, e invocou o nome do SENHOR, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço.
Etimologia e Definições
יצחק – Yitschaq; grego Ισαακ; n. pr. m. Isaque = “ele ri” ou “riso”; filho de Abraão com Sara, sua esposa, e pai de Jacó e Esaú;
מבוע - mabbuwa; n. m. fonte d’água; raiz etimológica com o sentido de uma corrente incontrolável
נבע - naba; v.  escorrer, derramar, entornar, jorrar, brotar, borbulhar, fermentar; emitir, expelir [Hifil]
Caráter é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes.
O caráter é construído através das experiências sociais e pela compreensão dos valores morais e culturais, ou seja, ele é aprendido através da família, escola e na sociedade de maneira geral. É a expressão da personalidade por meio das atitudes de uma pessoa.
O caráter é o conjunto de reações e hábitos comportamentais de uma pessoa que vão sendo adquiridos ao longo da vida e que especificam o modo individual de cada pessoa. Estão inclusos as atitudes e valores conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade) e as atitudes físicas (postura, movimentação do corpo). Reich (1995)
Discurso Geral
Não se pode escrever, ou falar de Isaque, sem falar sobre a origem celeestial de seu nome.
“Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos... te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque...” Gênesis 17:17-19
E confirmado pelo anjo do Senhor [uma teofania, pois o escritor deixa claro que é o Senhor quem volta a falar sobre o nascimento de Isaque e mais uma vez, um de seus progenitores, se ri, agora foi a vez de Sara, sua mãe]:
“..E levantou os seus olhos, e eis três homens em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro ...: Meu Senhor, se agora tenho achado graça ... E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda... Onde está Sara, tua mulher? Ei-la aí na tenda... terá um filho.  Sara escutava à porta da tenda .... riu-se Sara dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? ... E disse o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara ... Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? ... Sara terá um filho...negou: Não me ri; porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste.” Gênesis 18:2-13-15
Sim! Foi Deus, quem colocou o nome do filho de Abraão com Sara, exatamente pela reação de seu pai, já avançado em idade, ao ouvir, pela primeira vez, e depois a sua mãe, Sara, teve a mesma reação, lá dentro de sua tenda, atrás da porta.
Outro destaque foi, sua, quase execução como sacrifício, pelo, próprio pai.
E também, entres fatos que o identificaram com seu pai, como ir ao Egito.
Ficou patenteado nas Escrituras Veterotestamentárias, a disputa paciente de Isaque, e agora ele vai escrever, mais um capítulo pela disputa, pelo insumo mais importante para o ser humano, subsistir, em qualquer lugar e muito mais, ainda, na região onde se passou esta narrativa.
Nesta cena vemos um Isaque demonstrando seu caráter.
Um caráter que já fora marcado com o episódio do Monte Moriá, pela disputa interna sobre ser ele filho de Sara.
16 Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.
17 Então Isaque partiu dali e fez o seu acampamento no vale de Gerar, e habitou lá.
18 E tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai.
19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
Disputando Poços
Água era fundamental para aquela região. E em todo oriente Médio, até mesmo em nossos dias.
A “verdade é que a água é um símbolo muito difundido da vida e que os ritos, de várias espécies, que incluem água, destinados a promover a vitalidade ou a restaurá-la após a interrupção, não eram raros no mundo antigo”. O significado da palavra água no Evangelho de João - The meaning of the word water in the Gospel of John,  João Ricardo Ribeiro
Era comum na cultura de possessão de terras, entre os do Oriente Médio cavar poços, mostrando que ali estava assentado um grupo familiar e que tomara posse daquele espaço, ou terreno.
Esta prática, em alguns momentos trazia desagrado a vizinhos, ou interessados na mesma possessão, seja pela qualidade da terra, para pasto ou para agricultura – lembrando que Isaque foi hábil agricultor: Gênesis 26.12,13.
E uma das formas de demonstrar que o vizinho, ou aquele que estava alocado nas terras não era bem-vindo, ou no mínimo estava sendo alvo de hostilidades. A forma de demonstrar isto, era entulhar, ou aterrar seus poços. Neste contexto que, Isaque vai demonstrar seu caráter pacífico, deixando o espaço e indo cavar novos poços. Confiando em El-Shadai.
Ele foi “gentilmente convidado” a se retirar dos termos de Abimeleque, rei dos filisteus. Devemos observar que Isaque estava se locomovendo, com seu clã, em direção ao Egito, a parada nas terras de Abimeleque e em Gerar, parece apontar para uma ação divina, paraIsaque não prosseguir em direção ao Egito. Uma mudança de direção.
Destaco referência na leitura bíblica, sobre este pensamento: “23 Depois subiu dali a Berseba.
O caráter de Isaque era superior aos seus disputantes.
Resiliência - capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.
Ele mostra um caráter resiliente e de fé no Deus de sua promessa.
Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso chamou aquele poço Eseque, porque contenderam com ele.
Então cavaram outro poço, e também porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Sitna.
E partiu dali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele; por isso chamou-oReobote, e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra.
Depois subiu dali a Berseba.
E apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão meu servo.” Gênesis 26:19-24
E aconteceu, naquele mesmo dia, que vieram os servos de Isaque, e anunciaram-lhe acerca do negócio do poço, que tinham cavado; e disseram-lhe: Temos achado água. E chamou-o Seba; por isso é o nome daquela cidade Berseba até o dia de hoje.Gênesis 26:32,33
Dando passos para ter um caráter pacífico
Por definição caráter é moldado seguindo o histórico familiar, através do mimetismo aprendido, na forma de agir.
Vemos então, um Isaque que inicia sua atuação buscando o mesmo caminho de seu pai. Mas, mesmo assim ele necessitava ter seu caráter melhorado, para ser Pai de nação e poder assentar sua família em um lugar no qual a água fosse reparadora, fosse uma água de purificação.
Ao achar um “poço de águas vivas” ele vai deixar-nos um ensino dado pelas Escrituras, sobre o que é até hoje “águas vivas”. Nome dado a águas correntes, que são usadas, até ao dia de hoje em Israel para purificação. As famílias levam as panelas e utensílios para serem purificados pelas águas vivas.
E há um rio que desce do Céus, o Rio de águas vivas.
“Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.” Salmos 46:4
“E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.” Apocalipse 22:1                                                                                          
Não despreze a herança paterna!
Tirando os “entulhos” de nossas lembranças morais, deixadas pelos nossos pais.
Isaque sem dúvida conhecia a região e Abimeleque e também os juramentos feitos, que deram nome a cidade de Berseba.
Berseba é marco geográfico e agora um marco na vida do pacífico Isaque. Ela é o lugar de confirmação de Deus de Sua Promessa, tanto ao pai – Abraão – quanto ao filho – Isaque.
Qual é a nossa Berseba, aquela que mudará nosso caráter?
Devemos buscar, no melhor exemplo, que nossos pais realizaram e deixaram de recursos morais, ainda que o tempo, como os filisteus, queiram apagar nossas lembranças, e as queiram apagar, colocando “entulho” sobre suas lembranças.
Quem tem a fé de Abraão é motivado, como seu filho a ser como Jesus descreve:
 “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.”João 7:38
Abimeleque é usado como um título real dos reis dos filisteus.
יבל - yabal; n. m. um riacho, corrente de águas
“E tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai.” Gênesis 26:18
Dando nomes aos poços
Cada poço representa uma etapa de formação de uma melhora de nosso caráter
Um poço de águas vivas ... E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa.
- Por isso chamou aquele poço Eseque, porque contenderam com ele.
עשק – ‘Eseq; n. pr. Eseque = “contenda”; 1º poço cavado pelos pastores de Isaque no vale de Gerar.
- Então cavaram outro poço, e também porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Sitna.
שטנה - Sitnah; n. pr. m. Sitna = “briga”. o 2o dos 2 poços cavados por Isaque no vale de Gerar.
- e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele;
- Por isso chamou-o Reobote, e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra.
רחבות – R^echobowth ou רחבת R ^echoboth; n. pr. l. Reobote = “lugares amplos ou ruas largas”; o 3o de uma série de poços cavados por Isaque no território dos filisteus.
Ensino abraãmico dado a Isaque. Alargando a visão da necessidade de ser pacífico, nos aumenta a chance de sermos abençoados por Deus, com maior provisão e nosso lugar será alargado.
Depois subiu dali a Berseba.
E aconteceu, naquele mesmo dia, que vieram os servos de Isaque, e anunciaram-lhe acerca do negócio do poço, que tinham cavado; e disseram-lhe: Temos achado água.
שבעה - Shib àh; n. pr. l. Seba = “um juramento”; nome que Isaque deu a um poço próximo de Berseba.
- E chamou-o Seba; por isso é o nome daquela cidade Berseba até o dia de hoje. Gênesis 26:32,33
 “E aconteceu naquele mesmo tempo que Abimeleque, com Ficol, príncipe do seu exército, falou com Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo o que fazes; Agora, pois, jura-me aqui por Deus, que não mentirás a mim, nem a meu filho, nem a meu neto; segundo a beneficência que te fiz, me farás a mim, e à terra onde peregrinaste. E disse Abraão: Eu jurarei. Abraão, porém, repreendeu a Abimeleque por causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam tomado à força...e fizeram ambos uma aliança, pôs Abraão, porém, à parte sete cordeiras do rebanho. E Abimeleque disse a Abraão: Para que estão aqui estas sete cordeiras, que puseste à parte? E disse: Tomarás estas sete cordeiras de minha mão, para que sejam em testemunho que eu cavei este poço.Por isso se chamou aquele lugar Berseba, porquanto ambos juraram ali. Gênesis 21:22-31
Abraão também foi um pacificador, certamente isto lhe foi ensinado por Abraão, pois como sabemos caráter pode ser formado e reformado.
Tanto, assim que temos a narrativa sobre a reforma e ratificação da aliança abraãmica realizada, neste período conturbado da caminhada de Isaque, na Região.
Basta lermos a sequência do texto após o versículo 25 do texto bíblico, primeiro, deste estudo:
“E Abimeleque veio a ele de Gerar, ... disseram: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo, por isso dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo. ... e como te fizemos somente bem, ete deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor. Então lhes fez um banquete, e comeram e beberam; E levantaram-se de madrugada e juraram um ao outro; depois os despediu Isaque, e despediram-se dele em paz.” Gênesis 26:26-31
באר שבע - B ^e’er Sheba; n. pr. loc. Berseba = “poço dos sete juramentos”, o “poço do juramento dos sete”; cidade no extremo sul de Israel
“E disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois que vós me odiais e me repelistes de vós? E eles disseram: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo, por isso dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo. Que não nos faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos somente bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor... e juraram um ao outro; depois os despediu Isaque, e despediram-se dele em paz... naquele mesmo dia, que vieram os servos de Isaque, e anunciaram-lhe acerca do negócio do poço, que tinham cavado; e disseram-lhe: Temos achado água.”Gênesis 26:27-32
Pacificando nos tornamos fartos em Deus
“Ele converte os rios em um deserto, e as fontes em terra sedenta” Salmos 107:33
Fez sair fontes da rocha, e fez correr as águas como rios.
Salmos 78:16
Interessante que Isaque, dá demonstração de seu caráter ao fazer juramento, apenas confiado em Deus, como fizera seu pai.
Eis que Deus é a minha salvação; nele confiarei, e não temerei, porque o SENHOR DEUS é a minha força e o meu cântico, e se tornou a minha salvação.
“E vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação.” Isaías 12:2,3
Após a pacificação e aliança ele recebe uma demonstração de que a confiança no Senhor, jamais o deixaria sem suprimentos.
23 Depois subiu dali a Berseba. 24 E apareceu-lhe o SENHOR naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão meu servo. 25 Então edificou ali um altar, e invocou o nome do SENHOR, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço.
O pacífico é antes de tudo um adorador. É o ensino de Isaque.
Anexo:
Aprendendo
se alguém tem sede, venha a mim e beba. quem crer em mim, conforme dizem as escrituras, do seu ventre  fluirão rios de água viva.”
Segundo a Enciclopédia Judaica ensina sobre a Festa de Sucote; qual a rotina ou liturgia ritual, com uso de água.
No serviço matutino, os sacerdotes iam até o tanque de Shiloah, retiravam água, davam voltas ao redor do altar e adicionavam a água, a libação do sacrifício.
O Shiloah - desse tanque os sacerdotes retiravam água que, era utilizada nas cerimonias matutinas de Sucote, ou seja, era um tanque alimentado por água corrente.
Os sacerdotes, ao retirarem a água iam cantando passagens bíblicas, e entre elas Isaías 12:3:
Com alegria tirareis águas das fontes da Salvação.”
O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco, instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118 especialmente as palavras messiânicas do Salmo 118, versos 25 e 26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.
Esse ritual de derramamento de água simbolizava ações de graça pela chuva que possibilitou a colheita do ano. Orações por mais chuva eram feitas para possibilitar a colheita da próxima estação.
Esse ritual simbolizava também a alegria espiritual e salvação.
É no último dia da festa que encontramos Jesus, que dizendo: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.” João 7:37
Água Viva -  precisa ser agitada, ter movimento.
“O diálogo principal em João 4:7-27 é entre Jesus e uma samaritana com quem ele encontra junto ao poço de Jacó. Posteriormente aparecem os discípulos que se admiram do fato, e em seguida chegam um grupo de samaritanos que faz um comentário final. Com o uso da expressão “água viva” pela primeira vez neste capítulo 4:10, e parece estar empregada no seu sentido comum de água corrente, mas no versículo 14 passa a significar a água da “vida eterna”. O significado da palavra água no Evangelho de João - The meaning of the word water in the Gospel of John,  João Ricardo Ribeiro
 “Quando, pois, o que tem o fluxo, estiver limpo do seu fluxo, contar-se-ão sete dias para a sua purificação, e lavará as suas roupas, e banhará a sua carne em águas correntes; e será limpo.” Levítico 15:13
“E todo aquele que sobre a face do campo tocar em alguém que for morto pela espada, ou em outro morto ou nos ossos de algum homem, ou numa sepultura, será imundo sete dias. Para um imundo, pois, tomarão da cinza da queima da expiação, e sobre ela colocarão água corrente num vaso.” Números 19:16,17
Este texto nos ensina que uma pessoa precisava ser ritualmente pura antes de entrar no Santuário ou comer dos sacrifícios. Essa purificação era realizada com água recolhida de uma fonte natural. Um rio ou a água da chuva, nunca de uma cisterna ou poço.
Fonte:
Strong
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento – R.Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr, Bruce K. Waltke
Bíblia Dake
Bíblia online

O significado da palavra água no Evangelho de João - The meaning of the word water in the Gospel of John,  João Ricardo Ribeiro
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